A pandemia acelerou um processo que já estava acontecendo: a adesão ao trabalho remoto. Antes, o próprio conceito de home office não se encaixava no paradigma da hospitalidade, afinal, a própria palavra exigia uma presença física para lapidar a experiência do cliente. Um artigo do Hospitality Net levanta a seguinte questão: no contexto atual, é possível a retenção de talentos, especialmente entre lideranças, em um modelo totalmente presencial?

O surgimento da Covid-19 mudou tudo, compelindo diversos setores tradicionalmente presenciais a reimaginarem seus modelos operacionais. No rescaldo da pandemia, o trabalho remoto floresceu em uma tendência significativa na hospitalidade.

Como a indústria pode responder a isso? Da mesma forma que respondeu à crise sanitária: se adaptando.

Possibilidades remotas

Funções de atendimento ao cliente podem fazer a transição para ambientes remotos com mais facilidade, aproveitando os canais digitais para ajudar os hóspedes, e essa tendência se estende ao planejamento de eventos virtuais e à gestão de reservas remotas. A formação e educação dentro do setor também podem se adaptar, com treinadores e educadores utilizando cada vez mais plataformas para transmitir habilidades e conhecimentos de forma online para os funcionários.

No entanto, a viabilidade do trabalho remoto varia conforme os diferentes cargos. Posições de alto escalão, como CEOs, CFOs e executivos de RH, muitas vezes exigem uma presença física para a colaboração eficaz no local. Por outro lado, posições como COOs e profissionais de TI podem ser mais propícios ao trabalho remoto.

Para aqueles incapazes de trabalhar remotamente, seja devido à cultura da empresa ou à natureza do cargo, as organizações de hospitalidade devem oferecer incentivos alternativos para reter talentos. A implementação de uma cultura positiva, de feedbacks construtivos e elogios, além de opções como creches internas, refeições gratuitas e benefícios de saúde física e mental podem ser eficazes.

Desafios remotos

Porém, nem tudo sobre home office é simples. Ruídos e falhas de comunicação têm mais chance de acontecer em ambientes remotos e híbridos em relação aos totalmente presenciais. Um estudo da Buffer sobre trabalho remoto destacou que 8% dos profissionais que trabalham de casa têm dificuldades com o tema, o que pode ser um obstáculo significativo em uma indústria na qual o trabalho em equipe é crucial para a entrega de serviços sem falhas.

Outra questão importante é a segurança cibernética. Possíveis falhas de segurança de dados e privacidade são amplificadas em ambientes de trabalho remoto. Garantir práticas seguras de manuseio de informações e uma infraestrutura de TI robusta é essencial para proteger tanto o negócio, quanto seus clientes.

Treinar e supervisionar funcionários também apresenta desafios únicos. A natureza prática e experiencial de muitos cargos na hospitalidade nem sempre se traduz bem para ambientes remotos. As capacitações requerem abordagens inovadoras e ferramentas digitais robustas para transmitir habilidades práticas e manter os padrões de serviço de forma eficaz.

(*) Crédito da capa: Rodrigo_SalomonHC/pixabay