Terminou há pouco, no Tivoli Mofarrej, em São Paulo, a VI Jornada Resorts Brasil. Com o tema Extrapolando Resultados em 2024, o evento reuniu líderes dos associados das áreas de Vendas, Marketing e RM (Revenue Management), e teve como objetivo gerar insights comerciais para o próximo ano.

Profissionais renomados no setor participaram da programação, como Ricardo Mader (JLL), Daniel Bressan (Grupo Wish), Daniela Rocco (Costão do Santinho), Thais Perfeito (HotelInvest), Juliana Bettini (BID) e Mariana Aldrigui (Embratur). Na pauta, temas como gestão de pessoas, tecnologia e ESG, entre outros foram debatidos.

No almoço, Marcelo Picka (Resorts Brasil), Bressan e Daniela conversam com a imprensa para falar das perspectivas para 2024. Durante a coletiva, o presidente do Conselho da entidade mencionou pontos importantes para o setor. Entre eles, está a parceria com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) para aumento do fluxo de clientes internacionais no Brasil.

“Já estamos mandando muita gente para fora e recebendo muito menos turistas. Então, essa parceria existe para classificar e elencar quais são os destinos importantes para nós e, a partir disso, promover treinamentos no exterior para os agentes poderem vender o turismo no Brasil”, explica.

“Obviamente, temos desafios gigantescos à frente, sendo o aéreo e as altas tarifas dois exemplos principais. Além disso, temos destinos concorrentes bem fortes, como o Caribe. Logo, precisamos ser competitivos para atrair mais turistas para o nosso país, o que passa por diversos  pontos, como a necessidade de uma alíquota diferenciada para o turismo na Reforma Tributária”, analisa o executivo.

Estratégia de preços

Ainda durante sua fala, Picka mencionou que uma das estratégias da Resort Brasil é rever os preços do setor para atrair mais turistas. “Se ficamos caro para o estrangeiro, significa também que está caro para o brasileiro, que às vezes prefere ir para outros destinos fora do país”, diz.

Resorts Brasil - Marcelo_Picka

Picka analisa estratégias para elevar demanda internacional

 

“Hoje, o câmbio é um fator que, mesmo ainda alto, tem contribuído para que o brasileiro viaje mais para fora do país. Ele já se acostumou com esse patamar de preço, embora o valor seja proibitivo para outra parcela da população”, pontua. Bressan apontou que houve uma demanda reprimida forte em 2022, mas que neste ano o setor já vem sentindo a desaceleração nas tarifas.

“A hospitalidade teve que abaixar um pouco o preço para atingir o target. O valor de um pacote de férias para Natal estava o mesmo de um pacote para a República Dominicana. Então, foi necessário rever a estratégia de precificação. Assim, observamos na prática uma leva redução na diária média projetada, mas melhor que o ano passado, e um equilíbrio na ocupação”, explica.

Complementando o raciocínio, Daniela diz que houve mudanças no comportamento de compra no pós-pandemia. “Os clientes compravam com mais antecedência nesse período de demanda reprimida. Hoje, as pessoas estão mais last minute. Então, tem sido um desafio, realmente. E isso acaba afetando a demanda, tanto no lazer, quanto no corporativo. É preciso acompanhar muito bem esse movimento, para não perdermos receita”, ressalta.

Ela destaca que, para 2024, a forma de maximizar a receita será trabalhar bem o mix de clientes, visto que haverá menor espaço para subir tarifas. “É preciso entender quais demandas e mercados buscar. Quem tiver maior capacidade de analisar dados e tomar decisões vai conseguir estratégias mais bem-sucedidas”, endossa.

Bressan aponta, por sua vez, que a perspectiva é otimista para o ano que vem, apesar do desafio na precificação. “Estamos projetando em torno de 16% a 17% de crescimento, com algumas praças focando em volume e outras em preço. Tudo vai depender da cidade”, informa. “Somos uma rede nacional, com empreendimentos espalhadas por várias regiões do país. Então, algumas dessas praças crescerão mais em volume, outras menos, e isso vai definir a estratégia individual de cada uma”, acrescenta.

Picka diz que o mix inteligente entre crescimento de demanda, aliado ao reajuste de tarifas, será o responsável pelo crescimento do setor em 2024.

Eventos

Ainda durante o encontro da Resorts Brasil, Bressan pontuou o crescimento do segmento de eventos, que foi fundamental para diversos resorts no segundo semestre de 2023. “Então, para o ano que vem, nossa projeção é uma melhora do share (do segmento na receita total). Além disso, sentimos uma antecipação melhor na compra do mercado internacional. Ou seja, são duas frentes que irão contribuir muito para o crescimento do setor.”

Para ele, os desafios de 2024, principalmente para os hotéis de lazer, serão a menor quantidade de feriados prolongados e a demanda para o Réveillon. “Essas movimentações de comportamento do cliente são importantes para antecipar ações assertivas”, explica, acrescentando que o ano que vem estará muito voltado para a experiência do hóspede como estratégia de retenção de volume.

Daniela, por sua vez, destaca que, para os resorts que têm volume regional, a tendência é continuar nesse movimento, visto que o brasileiro redescobriu o país nos últimos anos.

Sobre os eventos, a executiva apontou que, no último trimestre de 2023, o segmento deverá responder por cerca de 50% do share no Costão do Santinho. “Dos nossos 68 associados, nenhum tem estratégias iguais ao do outro, e isso evidencia as variações de comportamento de cada praça”, finaliza Picka, da Resorts Brasil.

(*) Crédito das fotos: Vinicius Medeiros/Hotelier News