Com previsão de início em agosto, o programa de passagens aéreas a R$ 200 deve ganhar novos contornos. A iniciativa do governo, que prevê impulsionar o turismo por meio de preços mais acessíveis, pode ser ampliada para os setores de hospedagem e alimentação. A informação foi divulgada pela CNN, após uma declaração de Márcio França, ministro de Portos e Aeroportos.

França disse nesta quarta-feira (12) que a ação voltada para aéreo, focada em meses de menor movimento das companhias, está em fase de estudos para englobar outros segmentos. A fala do ministro foi antes de um debate sobre infraestrutura em evento da Abdib (de Infraestrutura e Indústrias de Base).

“Estou muito animado, poderemos dobrar o número de passageiros. Por sugestão da Casa Civil, o programa poderá ser ampliado para hotelaria e restaurantes no período de baixa”, revelou França, que não deu maiores detalhes de como a iniciativa funcionaria para os novos setores.

O programa de passagens aéreas é voltado para a população de baixa renda, estudantes e aposentados. A iniciativa envolverá as três maiores companhias do país: Gol, Latam e Azul. Segundo o ministro, a proposta já foi acertada com as empresas para elevar as demandas em meses de baixa movimentação.

“O percentual de voos ociosos é de 20%, mas pretendemos iniciar o programa aumentando em 4 a 5% a ocupação desses voos nos meses intermediários”, disse França, que salientou que o governo federal organizará as propostas, além de disponibilizar dados de passageiros e promover a interlocução com bancos públicos para um possível financiamento do programa.

França afirmou que o objetivo é proporcionar acesso às pessoas que viajam pouco e não utilizam o transporte aéreo. O ministro disse ainda que está em fase de negociações com os aeroportos para derrubar as cobranças de taxas de embarque para os contemplados do programa, uma vez que os custos ultrapassam os R$ 200 por passageiro.

Hotelaria não vê sentido

Para saber a visão da hotelaria, a reportagem do Hotelier News entrou em contato com algumas lideranças da indústria, que informaram que o governo federal não procurou o setor para negociar. Mais ainda, dizem não ver lógica na proposta. “Talvez possa fazer mais sentido para pequenos hotéis, mas para grandes operadoras acho que pouco”, disse um dos executivos ouvidos.

Usada na aviação, a argumentação da ociosidade do setor para eventualmente garantir preços mais baixos parece ganhar pouco eco na hotelaria. “Sim, podemos ter uma ocupação anual de 65%, mas há períodos do ano com demanda muito elevada. Não há como a hotelaria, por exemplo, bloquear um número de apartamentos com esse preço nessas épocas”, argumenta uma das fontes ouvidas.

De acordo com as lideranças, o programa poderia ser direcionado para uma hotelaria low cost, em praças secundárias e terciárias. Quanto à alimentação, outro setor cogitado para integrar a iniciativa, representantes ainda não deram um parecer.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News