As viagens estão em plena recuperação, tornando-se até prioridade para muitos consumidores, e assim deve permanecer em 2023, segundo análises da Phocuswire. Neste processo, o setor também esteve aprendendo a valorizar os avanços tecnológicos, principalmente em relação a pagamentos. Levando isso em conta, surge a dúvida: o que podemos esperar das fintechs para o setor de viagens em 2023?

Não é necessário dizer que os bancos digitais e ampla disponibilidade de serviços amadureceram nossa relação com o dinheiro: não é mais necessário caminhar até uma agência na rua, pois alguns toques no smartphone bastam. As Finanças Incorporadas são uma evolução natural dessa tendência, onde serviços financeiros como pagamentos, empréstimos e contas correntes são incorporados em nossas experiências digitais cotidianas.

Com programas de fidelidade consolidados, o setor de viagens é um concorrente natural para adotar esta dinâmica. A expectativa não é que as empresas de turismo busquem aprovação regulatória para oferecer esses serviços, mas que façam parcerias com fornecedores de tais produtos. Indo além, é provável que o segmento incorpore essas ferramentas nativamente.

É o caso da Shopify, que fornece todas as ferramentas necessárias para que as empresas possam lançar rapidamente uma loja online. Mais da metade da receita da startup na verdade vem de pagamentos e produtos de empréstimo fornecidos a vendedores de comércio eletrônico, que ela incorpora em seus produtos.

Tendências

Em 2022, as moedas flutuaram em todo mundo e a volatilidade deve continuar neste ano. Portanto, o próximo passo lógico para as fintechs é investir em maneiras de gerenciar essa medida e proteger as empresas e seus clientes. No B2B, a tecnologia pode ajudar mantendo várias moedas diferentes, para que possam fazer acordos com parceiros sem incorrer em perdas cambiais. Da mesma forma, viajantes esperam por serviços com preços em sua moeda nativa.

A autenticação biométrica continua sendo um investimento constante das fintechs. Atualmente, é possível pagar por bens e serviços online por meio desta funcionalidade, como no Apple Pay e Google Pay. No setor de viagens, o potencial é ainda maior e já pode ser visto sendo adotado por diferentes empresas.

Em parceria com a British Airways, a Amadeus está testando o reconhecimento facial. Os passageiros participantes não precisam apresentar cartão de embarque ou passaporte no check-in, despacho de bagagem e embarque na aeronave. Redes hoteleiras também estão experimentando a tecnologia para o check-in de autoatendimento. Não é muito difícil de esperar que isso se desenvolva o suficiente para viajantes poderem utilizar essas ferramentas de validação para fazer quaisquer compras e pagamentos, como de refeições ou upgrades.

As CBDCs (Moedas Digitais do Banco Central) são formas de moeda nativamente digitais, normalmente atreladas à moeda fiduciária do país e emitidas pelo Banco Central, que não operam mais usando os trilhos bancários tradicionais ou das redes de cartões. Em vez disso, eles são habilitados usando a tecnologia blockchain que permite a troca rápida e segura de valor na web.

Este modelo está se popularizando entre autoridades de diversos países do mundo, incluindo o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra. Pesquisa do BIS (Bank for International Settlements) prevê que bancos centrais que cobrem 20% da população mundial provavelmente lançarão CBDCs nos próximos três anos.

Ainda que não seja possível saber como essa tecnologia pode melhorar os pagamentos globais, vale a pena ficar de olho em como ela evolui. No mínimo, a tecnologia deve agilizar e baratear os serviços, principalmente pagamentos transfronteiriços ou esquemas de liquidação do setor em viagens.

A importância das inovações das fintechs e dos pagamentos ficou evidente em 2022. A expectativa para 2023 é que o investimento nessa área seja de alta prioridade para empresas de toda indústria de viagens, desde OTAs e hotéis até companhias aéreas e viagens corporativas. Essa evolução reflete o reconhecimento contínuo de que pagamentos suaves e conectados podem ser um importante diferencial para marcas de viagens.

(*) Crédito da foto: Clay Banks/Unsplash