Mesmo apontada como salvação da lavoura para a hotelaria, além de bastante aguardada, a reedição da MP 936 teve menor adesão por parte de empresários do setor. É o que mostra estudo compartilhado com exclusividade pela Capih (Comissão de Administradores de Pessoal da Indústria Hoteleira) para o Hotelier News. Segundo o levantamento, 65% das empresas do setor usou alguma medida (suspensão, redução de jornada e de salário ou ambas) previstas na medida provisória, contra 87% e 94% em maio e em outubro de 2020, respectivamente.

Na visão da comissão, a demora na reedição das medidas de preservação de emprego e renda este ano pode explicar a adesão mais baixa. Isso porque a MP foi publicada no final de abril, quando os hotéis brasileiros já estavam fortemente afetados pela queda de demanda gerada pelo recrudescimento das medidas de isolamento social. Sem alternativas, o setor fez desligamentos ao longo dos quatro primeiros meses do ano.

A pesquisa sobre o impacto da pandemia no setor já apontava redução de 31,7% dos postos de trabalho no início de março. Com quadros já reduzidos, o setor entendeu que não havia mais necessidade de aderir ao BEm (Programa Emergencial de Manutenção de Emprego e de Renda).

“O percentual de colaboradores impactados pelas medidas de preservação de emprego e renda também reflete esse cenário de adesão bem inferior ao que foi observado em 2020”, analisa Daniel Battistini, coordenador da Capih, que faz uma observação. “Novas restrições de circulação em virtude da pandemia poderão aumentar a adesão das empresas, que não tiveram essa alterativa durante os meses mais impactados no início do ano”, completa.

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MP 936: mais números

O levantamento promovido pela Capih foi realizado de 19 a 24 de maio. A amostragem contou com a participação de 62 empresas, entre operadoras hoteleiras nacionais e internacionais, além de hotéis independentes, que totalizam 21.160 colaboradores (até maio desse ano). Participaram da pesquisa propriedades de todos os portes e segmentos, de econômico e luxo a resorts.

Entre as possibilidades existentes no BEm, a suspensão de contrato foi a modalidade mais utilizada pelos empreendimentos hoteleiros ouvidos (56,6%). O percentual, contudo, é bem inferior ao registrado ao longo de 2020, que chegou a ter cerca de 90% de adesão. O total de hoteleiros com contratos paralisados é de 2.036 mil, ou 9,62% do quadro de trabalhadores das 62 empresas entrevistadas.

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(*) Crédito da capa: Vinicius Medeiros/Hotelier News

(**) Crédito das infográficos: Capih (Comissão de Administradores de Pessoal da Indústria Hoteleira)