Um ano após o decreto da pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o setor hoteleiro vê o cenário se repetir em 2021. Em pesquisa divulgada hoje (17) pelo Capih (Comissão de Administração de Pessoal da Indústria Hoteleira), com o aumento de medidas restritivas anunciadas pelos governos, o número de demissões deve crescer nas próximas semanas. Para se ter uma noção do impacto, entre o dia 1º de março de 2020 e 1º de março de 2021 foram fechados 10.209 postos de trabalho.

O levantamento realizado entre os dias 9 e 15 de março deste ano contou com a participação de 89 empresas da hotelaria de todos os portes e segmentos (econômico, midscale, upscale, luxo e resorts). Entre os empreendimentos respondentes estão hotéis independentes, redes nacionais e internacionais, com foco em eventos ou não.

Daniel Battistini, coordenador do estudo e gerente de Relações de Trabalho da Accor no Brasil, explica que a reedição da MP 936 pode segurar por adiar algumas demissões. “As empresas não estão com caixa para promover uma leva de demissões, pois são demandadas verbas rescisórias. Entretanto, as parcelas são o adiantamento do seguro-desemprego do trabalhador, o que é muito ruim, diferente dos moldes aplicados no ano passado”.

CAPIH - pesquisa 1

Segundo Battistini, a melhor opção para o setor atualmente é o PL 5638/2020 (Projeto de Lei), aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 3. O texto prevê a criação do PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e o cancelamento de débitos de empresas do segmento com o Fisco Federal, entre outras medidas para compensar as perdas de receitas.

As ações que farão parte do PERSE beneficiarão as empresas de hotelaria em geral; cinemas; casas de eventos; casas noturnas; casas de espetáculos; serviços turísticos; e empresas que realizem ou comercializem congressos, feiras, feiras de negócios, shows, festas, festivais, simpósios ou espetáculos em geral e eventos esportivos, sociais, promocionais ou culturais.

“Sou muito mais favorável ao PL do que o setor seguir mendigando benefícios do governo que não sabemos ao certo quando serão liberados. A MP 936 pode ser utilizada em larga escala, mas a recuperação depende de outros fatores, como intensificação da vacinação”, pontua Battistini.

CAPIH - pesquisa 2

CAPIH: áreas mais afetadas

Em agosto de 2020, o CAPIH havia divulgado seu primeiro levantamento de demissões na pandemia. Na época, o setor de governança aparecia como o líder em desligamentos (42%), índice que teve uma tímida alta (43%). Ainda no pódio estão restaurante e bar, que passou de 34% para 23%; e cozinha, que caiu de 11% para 9%.

Dentre os empreendimentos pesquisados, 61% realizaram demissões após o fim da vigência das medidas implementadas pelo governo, como suspensões de contrato de trabalho e redução de jornada. Das 39% que alegaram não terem desligado nenhum funcionário, 40% partiram para negociações sindicais.

Já o índice de empresas que utilizaram ou não os recursos (convenção coletiva, acordo coletivo ou termo aditivo) após 1º de janeiro foi o mesmo, de 45%. Em contrapartida, 63% dos hotéis fizeram redução de jornada/salário e 4% optaram pelo parcelamento do valor da rescisão de contrato. No total, 55% dos entrevistados utilizaram alguma medida adicional negociada com os sindicatos.

CAPIH - pesquisa 4

(*) Crédito da capa: Schutterstock

(**) Crédito dos gráficos: Divulgação/CAPIH