A saída de Ian Schager da Marriott International, ao que tudo indica, foi um processo longo e sutil. O hoteleiro, conhecido pela co-criação do Studio 54, em Nova York, anunciou no ano passado que deixaria o grupo, com o qual vem construindo hotéis com a bandeira Edition. Hoje, Schrader repensa o conceito de luxo e diz que, neste momento, luxo é ter liberdade.

O profissional, que ainda tem contrato para mais sete hotéis Edition, diz que o segmento de luxo, que vem crescendo cada vez mais, tem um significado novo e diferente hoje. “E é justamente essa liberdade que mencionei: de não ter que se preocupar em facilitar tudo, liberdade de tempo, liberdade para dedicar seu tempo às coisas que importam para você”, diz, em conteúdo do Bloomberg Línea.

Após encerrar o contrato, Schrager diz que irá focar em expandir seu hotel Public, no Lower East Side Manhattan, com o objetivo de se tornar a próxima grande marca hoteleira e um concorrente mais acessível do Edition. A premissa, segundo ele, é abraçar o clima atual de operações com pouca mão de obra, para oferecer um produto de alto design pelo mesmo preço de um hotel com menos comodidades.

O novo luxo

O visual e a sensação do local, além do magnetismo de um público mais diversificado, atraído por preços 30% a 40% mais baixos do que de outros hotéis lifestyle nos mesmos destinos irão compensar amplamente a falta de serviços como porteiros ou concierges, aponta Schrager. Em outras palavras, a nova definição de luxo é preços mais baixos, menos comodidades, design arrojado e público mais diverso.

O objetivo do executivo não é se encaixar em uma categoria já existente, mas criar uma nova. “Como você categoriza o iPhone? O que torna a compra de um telefone da Apple tão desejável para pessoas de todas as idades, de todos os grupos demográficos”, questiona.

É assim que ele vê o Public. “Criar um hotel que tenha o coração de um empreendimento com menos comodidades, mas a alma de um hotel de luxo e satisfação de um lifestyle é, sem dúvida, uma nova categoria”, finaliza.

Ele também vê isso como o futuro do negócio. Os hotéis de luxo lucram com margens de até 8%, mas os empreendimentos de serviço seleto podem levar para casa até 50%, diz Schrager, que planeja construir 10 unidades Public nos próximos cinco anos, com o objetivo de tornar o luxo acessível a todos.