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Nos últimos anos, a hotelaria passou por grandes transformações em sua maneira de atuar, sobretudo por conta do crescimento exponencial da internet, os impactos de digitalização acelerados durante a pandemia e a ascensão de novos modelos de hospedagem, como o Airbnb. Consequentemente, o mercado mudou junto com os hábitos dos viajantes, impulsionando o surgimento de novas tendências. Uma delas é o aumento na demanda por long stay, algo crescente, por exemplo, nos EUA.

Recentemente, o portal Skift publicou um relatório que aborda justamente esta temática. Grandes redes hoteleiras, como Marriott, Hilton, Hyat e Whyndham já estão investindo na criação de marcas especializadas nesta modalidade, especialmente nos EUA, com o objetivo de atrair esses hóspedes especificamente.

Segundo o estudo, a alta demanda por este tipo de hospedagem no país é ocasionada por uma série de fatores, sendo um dos principais a onda de novos investimentos em infraestrutura e construção. A necessidade de realocar mão de obra em vários lugares do território nacional, movendo profissionais que precisam ficar um mês em um canteiro de obra, depois partir para outro mais distante, por exemplo, tem alavancado a demanda por acomodações para períodos que ficam entre a curta duração de um hotel tradicional e estadas que justifiquem o aluguel de um imóvel.

Um outro agente apontado é a crise imobiliária que se estende nos EUA desde 2008. Desde então, a construção residencial no país tem sido lenta em suprir a demanda e os preços de imóveis para locação nas principais cidades está bem elevado. Assim, morar em um hotel não fica tão mais caro do que alugar um bom apartamento nos bairros mais valorizados. Por fim, a chamada blended travel, ou bleisure, viagens que misturam trabalho e lazer, tendência que se destacou na pandemia, permanece em alta.

“Mas o que essas acomodações possuem de diferencial? Sem dúvidas, a comodidade. O principal recurso que os quartos de hotel no segmento de long stay precisam ter é uma cozinha equipada para preparar refeições, o que faz toda a diferença na hora de se sentir em casa. Além disso, as acomodações costumam ser maiores do que as convencionais e oferecem serviços extras que trazem muita comodidade, como a lavanderia self-service”, avalia Cláudio Cordeiro, diretor de Produtos de Hospitalidade da TOTVS.

A boa localização destes hotéis também costuma atrair a atenção dos hóspedes, assim como suas tarifas. Neste contexto, grandes redes estão apostando nessa categoria de hospedagem criando diversas faixas de preço, como Economy, Middle e Luxury, a fim de atender os diferentes perfis de hóspedes.

Claudio-Cordeiro

Existe espaço no Brasil, avalia Cordeiro

Mercado brasileiro

“Na minha visão, aqui no Brasil também existe um espaço para essa modalidade de hospedagem. Temos demanda por hospedagem de qualidade tanto nas faixas econômicas quanto nas mais premium para abrigar esses profissionais viajantes. Inclusive, viagens corporativas têm sido destaque no mercado de turismo brasileiro”, acrescenta Cordeiro.

De acordo com um levantamento realizado pela Fecomercio-SP em parceria com a Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas), as viagens corporativas tiveram alta de 11,5% em abril de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. No acumulado do quadrimestre, houve um aumento de 23,7% em relação aos quatro primeiros meses do ano passado, mostrando que de fato há um crescimento positivo destas viagens é, portanto, uma grande oportunidade para o long stay.

Por aqui, as cidades da fronteira agrícola, das regiões de mineração e exploração de petróleo, por exemplo, têm um gap ainda não suprido por acomodações confortáveis para viagens que podem durar de algumas semanas a alguns meses. O bleisure também segue em alta, principalmente entre os profissionais que trabalham remotamente e podem trabalhar realmente de qualquer lugar.

O fato é que esta nova modalidade deve movimentar o setor nos próximos anos. E sem dúvidas, a tecnologia, assim como em qualquer atividade do segmento hoteleiro, também desempenha um papel crucial na gestão dos negócios de long stay. Seja no controle de reservas, serviços oferecidos, cobranças e meios de pagamentos, até a estruturação de canais de venda direta e estratégias de marketing, a digitalização de processos pode fazer a diferença na eficiência do hotel e na experiência do viajante.

“Unir tecnologia, inovação e excelência em novas modalidades de serviço, como estadas mais longas, pode ser um grande diferencial competitivo para os hotéis. Sem dúvidas acredito que em um futuro – não tão distante – veremos o surgimento de muitas marcas especializadas em longa hospedagem no mercado. Vale ficar atento para ver essa pode ser uma modalidade que faz sentido para o seu negócio!”, finaliza o diretor da TOTVS.

(*) Crédito da capa: Unsplash

(**) Crédito da foto: Divulgação/TOTVS