Com quase 30 mil check-ins e diária média de R$ 360, a hotelaria de Belo Horizonte faturou R$ 10,6 milhões durante os cinco dias do primeiro Carnaval desde o começo da pandemia. Os dados apresentados por Maarten Van Sluys, consultor em hotelaria e proprietário da MVS Consultoria, apresentam crescimento de aproximadamente 150% na diária média e manutenção da taxa de ocupação, que ficou em 68,12%, na comparação com o evento de 2019.

“Em 2022, não tivemos Carnaval, então não serve de comparação. O último a ser realizado em Belo Horizonte aconteceu em 2020, mas não se verificou um bom desempenho, pois um temporal alagou a cidade e teve até caso de cerveja contaminada”, relata Van Slyus, em entrevista ao Hotelier News. “O ano de 2019 foi o maior que já tivemos e a comparação com esse ano tem sido comum na hotelaria durante a retomada. Para se ter uma ideia, a diária média da cidade ficou em R$ 170 à época”, complementa.

Apesar do resultado ter sido positivo, Van Slyus acredita que poderia ter sido melhor. “Esperava por mais. Entre outros motivos, terça-feira apresentou uma queda na ocupação, que chegou a 49,45%. Isso acontece porque a hotelaria da cidade vende diárias avulsas, pois Belo Horizonte está acostumada com Carnaval apenas de final de semana. Precisamos começar a vender pacotes de três, quatro ou até cinco dias, como fazem no Rio, Recife, Fortaleza e Salvador”, pontua o consultor.

“Para isso, é necessário aprimorar o Carnaval da cidade, distribuir eventos e bloquinhos pelos cinco dias e criar novos atrativos. Como não temos praia, temos que compensar com gastronomia, pubs e bailes, entre outras atrações, que mantêm as pessoas por mais tempo”, continua Van Slyus. “É isso que temos que trabalhar com a prefeitura, que está muito animada com o sucesso deste ano. O momento é de realizar o planejamento para 2024 e esperar que seja de grande evolução”, acrescenta.

Perspectivas

O desempenho também foi limitado por questões de mobilidade na capital mineira. “Na semana passada, começou uma greve no metrô que não acabou até então, afetando o Carnaval inteiro. Embora o sistema metroviário não seja tão grande quanto o de São Paulo, é uma das formas de locomoção da cidade e a falta dele acabou sobrecarregando os demais meios de transporte”, explica Van Slyus.

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Slyus acredita que 2024 será ainda melhor

“Houve também redução nas frotas de ônibus e mudanças nas linhas rodoviárias que não foram muito bem divulgadas”, continua o consultor. “Para melhorar nessa situação, a prefeitura de Belo Horizonte firmou um acordo com a Waze, para que o aplicativo fizesse a atualização ao vivo dos ônibus e linhas, mas não ocorreu como o esperado”, acrescenta.

Apesar dos obstáculos enfrentados durante o feriado, a expectativa de Van Slyus para o evento de 2024 é bastante positiva. “Acredito que vamos superar novamente os indicadores anuais. Não sabemos o que esperar, pois em um ano tudo pode mudar, vide o que aconteceu com a pandemia. É difícil de projetar, ainda mais quando se trata de uma época com clima complicado. Em situação normal, até em função da boa reputação que conseguimos este ano com as boas avaliações, haverá também crescimento em diária média e ocupação”, prevê.

“Para tal, no entanto, é necessário planejar e aprimorar cada vez mais o produto Carnaval da cidade, o que exige atenção em muitos detalhes”, recomenda Van Slyus. “Esse ano, contamos com o fenômeno de vingança em virtude da demanda represada. Mesmo que no próximo ano isso deixe de ser um fator, o evento retomará a curva ascendente, pois contamos com infraestrutura de bares, restaurantes, hotéis, espaços arborizados, entre outros elementos que vão consolidar Belo Horizonte como um destino de Carnaval”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Tulio Santos/Estado de Minas

(*) Crédito da foto: Vinicius Medeiros