As reservas de hotéis continuarão crescendo, apesar da inflação. A falta de construção de novos empreendimentos está dando maior poder de precificação aos já existentes. Ao mesmo tempo, a crescente demanda de eventos e grupos corporativos são ventos favoráveis para apoiar o setor. Essa foi a palavra de CEOs de diversas redes na Conferência Internacional de Investimentos da Indústria Hoteleira, um dos principais do setor no mundo, realizado em Nova York.

O encontro debateu o cenário da hotelaria em diversos mercados, mas a América Latina não foi citada na ocasião. Atualmente, muitos viajantes reclamam das tarifas dos hotéis, e em muitas vezes com razão. “Nos últimos seis meses, por exemplo, os preços em Paris estão 50% acima dos níveis de 2019. Em Londres, 30% superiores. Durante 20 anos, não fomos suficientemente ousados nos preços”, diz Sébastien Bazin, CEO global da Accor.

No entanto, o consenso dos executivos presentes no evento foi de que, em média, os empreendimentos finalmente chegaram ao ponto em que as tarifas deveriam receber restrições de oferta e demanda e efeitos inflacionários. “Durante décadas, os proprietários nos perguntaram sobre o desejo de ver mais crescimento nas taxas e acho que acabamos de chegar onde deveríamos estar com o tempo”, pontua Keith Barr, CEO da IHG Hotels & Resorts, que será substituído por Elie Maalouf a partir de 30 de junho.

Outros insights

Uma vez que a inflação e reversão aos padrões comuns de reserva se concretizem, os preços irão parecer menos distorcido, salientam os executivos. “Para nossos investidores, previmos a progressão dos negócios entre 2020 e 2027 e uma taxa de crescimento anual de 3,5% na diária média”, ressalta Mark Hoplamazian, presidente da Hyatt Hotels Corporation.

“É verdade que, no horizonte de curto prazo em que estamos comparando, as tarifas parecem bem altas. Mas se pensarmos bem, elas não são tão grandes, especialmente devido ao crescimento limitado da oferta”, complementa. Os dados apoiam a tese geral, revela o Skift.

Nos EUA, a diária média em base real está um dólar abaixo do patamar de 2019, afirma Amanda Hite, presidente da STR. “Portanto, apesar de todo o crescimento que vimos, não voltamos para onde estávamos antes da pandemia, de modo geral”, explica a executiva. Nas cidades das costas Leste e Sudeste, o desempenho é positivo. Enquanto destinos como Seattle, Portland, San Francisco e Minneapolis são considerados mercados fracos em termos de precificação.

Ventos contrários

Durante o encontro em Nova York, os executivos concordaram que um dos maiores desafios atuais dos hotéis é adaptar-se às mudanças tecnológicas. “Os fornecedores de produtos embalados sabem mais sobre os clientes que passam dois minutos no corredor de compra do que as empresas hoteleiras sabem sobre os hóspedes que ficam em suas propriedades por dias”, comenta Peter Strebel, presidente da Omni.

os hoteleiros acreditavam que o surgimento da inteligência artificial generativa, representada recentemente pelo ChatGPT, não causaria muita agitação no núcleo de seus negócios, cuja premissa principal é a interação humana. Eles citaram exemplos de tecnologias que ajudaram a melhorar as operações de back office, como definição de taxas e otimização de gastos com marketing.

“Fomos ao ChatGPT e perguntamos ‘se o Hyatt lançasse uma marca, como ela deveria ser?’, e ele voltou com uma recomendação específica sobre um tom de azul. Nossa agência de design voltou com essa cor idêntica e utilizamos na nossa nova bandeira Hyatt Studios”, finaliza Hoplamazian.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News