Após 123 anos recomendando restaurantes para viajantes, o Guia Michelin vai entrar no mundo dos hotéis. A novidade foi anunciada em evento realizado em Paris pela publicação homônima de propriedade da fabricante de pneus francesa, aponta o Bloomberg Línea.

Diferentemente dos restaurantes, os hotéis não serão classificados com uma, duas ou três estrelas, mas com um emblema de “chave”. O Guia Michelin, que recentemente anunciou sua volta ao Brasil, atribuirá chaves a estabelecimentos com base em cinco critérios: caráter local, individualidade, excelência em arquitetura e design de interiores, serviço e conforto de primeira linha e uma relação custo-benefício consciente.

A mudança ocorre cinco anos depois que a Michelin adquiriu discretamente a Tablet Hotels, site de reservas para hotéis de luxo, por uma quantia não revelada. A interface de hospedagens e o banco de dados de hotéis do site agora alimentam um portal na página do Guia Michelin, no qual os consumidores podem navegar por uma seleção de acomodações, muitas delas classificadas pela empresa, e fazer reservas.

A oferta vinha sendo planejada há certo tempo, com o objetivo de capturar mais do mercado de viagens em um momento no qual os gastos dos consumidores e a concorrência no setor estão em alta. Nos últimos meses, o World’s 50 Best e La Liste lançaram listas de hotéis pela primeira vez.

A novidade

As primeiras chaves Michelin serão anunciadas no primeiro semestre de 2024, a partir de um grupo pré-selecionado de 5,3 mil hotéis em 120 países, segundo informou a empresa. Todos os empreendimentos, independentemente de receberem ou não o reconhecimento, poderão ser reservados por meio do site. A Michelin receberá comissões sobre as reservas feitas em seu portal.

A companhia não especificou se um hotel pode receber mais de uma chave. Em suas classificações de restaurantes, uma estrela indica que um lugar “vale uma parada”, duas “valem um desvio” e três “valem uma viagem especial”. “A chave Michelin é uma indicação clara e confiável para os viajantes”, pontua Gwendal Poullennec, diretor Internacional do Guia Michelin.

O negócio hoteleiro vai funcionar de forma diferente. A Michelin planeja iniciar seu serviço com uma lista global de chaves, ao invés de guias específicos.

Como a empresa tem a possibilidade de obter receita significativa com comissões – estima-se que a Tablet Hotels tenha gerado US$ 100 milhões em reservas brutas em 2018, juntamente com as taxas de um clube de associação para viajantes frequentes – os acordos de patrocínio com os conselhos de turismo não serão a única maneira de a Michelin monetizar o conteúdo dos hotéis.

“Em um setor saturado de endossos de confiança duvidosa, o Guia Michelin oferece sua experiência aos viajantes para orientá-los apenas em relação às melhores experiências”, afirmou a empresa em comunicado. Assim, as chaves serão concedidas após estadas anônimas de juízes da equipe.

(*) Crédito da foto: Peter Kutuchian/Hotelier News