Em um cenário de inflação crescente no Brasil, diversos grupos de atividades e serviços são afetados pela alta dos preços. Isso se reflete, por exemplo, nas tarifas aéreas, que cresceram 6,02% no primeiro trimestre deste ano, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), comprometendo as férias dos brasileiros que planejavam voltar a viajar após dois anos de crise sanitária.

De acordo com dados do Kayak, os preços médios dos bilhetes de ida e volta para os destinos nacionais mais procurados avançaram até 62%. Já em relação às viagens internacionais, a alta foi de 32%. Em março, Brasília foi o destino doméstico mais procurado, com passagem em média R$ 1,5 mil, saindo de São Paulo. Já a Espanha lidera a demanda internacional, com tarifa média de R$ 4,5 mil.

Já a Decolar – que recentemente anunciou a compra da ViajaNet – aponta que o preço médio das passagens aéreas internacionais, partindo dos aeroportos paulistas, cresceu 22%. Neste cenário, a cidade de Orlando lidera o valor da passagem, ficando acima de R$ 2 mil. Para os destinos nacionais, aponta a empresa, o aumento foi de 42%, com Recife encabeçando a demanda nacional, com a tarifa média em R$ 560,00.

Recuperação

Ainda assim, dados da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), apontam recuperação gradual do setor. Segundo a entidade, no ano passado o turismo cresceu 16% e teve faturamento de R$ 151 bilhões. Entretanto, o volume ainda é 22% inferior ao registrado no pré-pandemia.

“Em 2020, houve uma ligeira retomada ao longo do segundo semestre, em decorrência da reabertura gradual da economia. Contudo, o setor voltou a ser prejudicado no início de 2021 pela chegada da segunda onda de contaminação, bem como pelas restrições de circulação”, afirma Mariana Aldrigui, presidente do CT (Conselho de Turismo) da FecomercioSP, em entrevista ao Correio Braziliense.

Impactos na indústria de hospedagem

Esse cenário também impacta os empreendimentos de hospedagem em todo o Brasil. Por exemplo, a alta de preços reflete diretamente na operação de A&B (Alimentos & Bebidas) dos hotéis e demais empreendimentos. Com os insumos cada vez mais altos, o segmento busca alternativas para criar cardápios inteligentes, evitar desperdício e ainda assim oferecer uma experiência completa ao hóspede a preços justos.

“Dessa forma, principalmente na realidade em que estamos vivendo, é necessário analisar o mercado cada vez mais, fazendo todo um estudo de viabilidade para que o A&B se sobressaia diante desses obstáculos”, afirmou Rodrigo Mezadri, chef executivo do Hilton São Paulo Morumbi, em palestra realizada recentemente na Anufood Brazil 2022.

(*) Crédito da foto: joaogbjunior/Pixabay