De acordo com levantamento da Alagev (Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas) em parceria com a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), o segmento, que vem crescendo ao longo de 2023, faturou R$ 10,73 bilhões em agosto, em um incremento de 3,7% frente ao mesmo período de 2022. Em valores, o aumento foi de R$ 385 milhões, consolidando o melhor desempenho para o mês desde 2014.

O estudo aponta que, na comparação com o melhor agosto da série histórica, em 2013, o patamar atual das viagens corporativas é 5% inferior, quando o resultado foi de R$ 11,3 bilhões. A Alagev acredita que o momento é de comemoração. No entanto, é fato que o segmento perdeu potencial de crescimento na última década e poderia estar em nível muito superior ao atual.

A pesquisa indica que o cenário é favorável, mas apresenta desafios em relação aos preços. Os eventos, feiras e viagens de negócios estão ganhando cada vez mais fôlego neste segundo semestre em diversas regiões do Brasil, movimentando a cadeia do turismo, aviação, hotelaria, transporte terrestre, entre outros.

Análise

Os dados mostram que embora as empresas estejam ampliando seus gastos em viagens corporativas, dado o aquecimento da economia brasileira, os preços de alguns serviços estão mais elevados, tornando a decisão dos gestores ainda mais complexas. Fatores como o encarecimento do querosene de aviação e a desvalorização do real têm pressionado o valor das passagens aéreas neste final de ano.

Os hotéis também estão com tarifas mais elevadas na comparação anual. Essa tendência está relacionada tanto ao aumento da demanda, quanto aos reajustes que vários meios de hospedagem fizeram, visto que investiram na renovação das habitações.

Na área de eventos, os espaços, montagem e mão de obra aumentaram seus valores, pressionando os custos das empresas e trazendo dificuldades para o planejamento do próximo ano. O leque de organizações em determinados lugares é limitado, o que prejudica a ação de busca por alternativas menos dispendiosas.

O levantamento, que pode ser consultado no link, também apresenta a tendência da oscilação no faturamento próximo ao patamar atual. Pode ser normal haver queda na receita na relação anual, devido à base comparativa mais forte. Isso não quer dizer que a área esteja caminhando para fatores negativos, mas se estabilizando no seu tamanho de mercado.

“Essa pesquisa reflete a resiliência do setor de viagens corporativas, que busca se ajustar a custos crescentes enquanto mantém seu dinamismo. O futuro pode trazer novos desafios, mas a indústria permanece firme em sua procura por impulsionar negócios, feiras e eventos”, comenta Andrea Matos, gerente de Educação da Alagev.

Para que haja um novo ciclo de expansão mais estável, dependerá de uma conjuntura econômica favorável, de redução expressiva de juros, de custos mais equilibrados, o que deve acontecer somente quando a política definir o arcabouço fiscal. Essa previsibilidade de receitas e despesas é o que ajudará na valorização cambial e na abertura de espaço para cortes maiores na Selic.

Por enquanto, as viagens corporativas buscam crescimento, enfrentando dificuldades de custos altos, mas mantendo a demanda aquecida dos negócios, feiras, eventos, visita a clientes e prospecção de novos negócios.

(*) Crédito da foto: Skitterphoto/Pixabay