Maksoud Plaza: do luxo à lembrança e incerteza
13 de maio de 2024Uma década após a morte de Henry Maksoud, fundador do Maksoud Plaza, hotel que chegou a ser um ícone de luxo em São Paulo e que fechou as portas em 2021, a briga dos herdeiros ganhou um novo capítulo, meses depois de encerrado o processo de recuperação judicial da empresa. Agora, o que está em jogo são R$ 52 milhões, depositados na conta da recuperação judicial do grupo familiar, revela o Valor Econômico.
O que acontece é que a liberação desse dinheiro voltou a colocar os herdeiros em disputa. Henry Maksoud Neto defende que esses recursos têm que ser usados para pagar os credores da companhia. Já Claudio Maksoud, filho do fundador do grupo, pede que os valores sejam depositados em uma conta judicial ligada ao inventário, e não às empresas.
Em decisão proferida neste mês, o juiz João de Oliveira Rodrigues Filho pediu o levantamento dos recursos, tendo em vista o desfecho da recuperação judicial e depósito em uma das empresas do grupo. Em petição, Claudio cita que o processo para divisão de bens tramita há exatos 10 anos sem sequer ter havido o recolhimento do ITCMD (Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação).
Pela decisão, os recursos serão depositados nas contas das empresas recuperadas, contrariando o pedido do filho do fundador do grupo. A defesa de Claudio coloca é que o espólio do pai será prejudicado por conta da administração das companhias, algo que há anos vem sendo tocado por Henry Neto, que substitui o avô no comando dos negócios.
A defesa do executivo alega que Claudio e Roberto, pai de Henry Neto, têm confundido o dinheiro das empresas com dinheiro da família, visto que ambos não se envolvem nos negócios do grupo há décadas. Outra negociação em curso tem sido a abertura de bares Frank, o mesmo que estava situado no Maksoud Plaza.
História
O Maksoud Plaza fechou definitivamente as portas em 2021, depois de anos de disputa familiar em torno da herança deixada pelo patriarca do grupo. O empreendimento, localizado na região da Avenida Paulista, foi arrematado pelo empresário Fernando Simões, controlador da JSL e Movida, juntamente com a irmã. A dúvida agora é sobre o futuro da propriedade.
O inventário da família, apesar dos 10 anos passados, segue parado, dado todo o trâmite judicial. A disputa colocou em lados distintos pai e filho. Um documento assinado pelo fundador do grupo deu ao neto e à ex-mulher, Georgina, os direitos sobre a herança, mas Claudio e Roberto afirmaram que a assinatura é falsa e o documento não tem valor legal, o que é rechaçado pela defesa de Henry Neto, que tem sido a figura pública por trás da marca Maksoud.
O grupo entrou em recuperação judicial em setembro de 2020. O passivo era de R$ 845 milhões, dos quais cerca de R$ 120 milhões entraram no processo de proteção aos credores. Após negociações, o valor total foi reduzido para R$ 300 milhões e a dívida fiscal, por sua vez, caiu de R$ 420 milhões para R$ 170 milhões.
(*) Crédito da foto: Divulgação/Maksoud Plaza