Com o boom das viagens de vingança, os hoteleiros perceberam viajantes dispostos a pagar tarifas mais altas no pós-pandemia, fator que elevou a lucratividade hoteleira. Um exemplo desse cenário é Salvador, cuja diária média foi R$ 543,22 em 2023, um aumento significativo em relação a 2019, quando era R$ 290,78. A precificação robusta permitiu que muitos operadores acompanhassem os custos inflacionários.

No entanto, a demanda forte não foi suficiente, conforme aponta o Skift. O relatório Hotel State of the Union, divulgado na última quinta-feira (11) pela CBRE, aponta que no ano passado as margens de lucro contraíram 1,3% no mercado norte-americano.

“A CBRE espera que as margens de hotéis nos EUA permaneçam sob pressão em 2024, já que a perspectiva de crescimento de empregabilidade é de 0,7% e a de crescimento da inflação chega a 2,5%, o que provavelmente levará a aumentos salariais acima da previsão de crescimento do RevPar, que é de 3%”, disse Rachael Rothman, chefe de Pesquisa e Análise de Dados de Hotéis, em uma entrevista ao Skift.

Fatores que podem impulsionar ou prejudicar a lucratividade hoteleira

As médias nacionais e as previsões são apenas parcialmente úteis para proprietários em um mercado que enfrenta dinâmicas locais específicas. O ano passado foi ótimo para hotéis voltados para negócios na maioria das principais cidades dos EUA, e no Brasil não foi diferente.

Por fim, a conclusão é: a lucratividade do seu hotel este ano dependerá em parte do tipo de viajantes que ele atrai e em parte do comportamento dos mesmos.

“Os hotéis de luxo, que vinham recebendo viajantes de alto padrão logo após a pandemia, agora estão recebendo mais reservas de grupos para eventos e ofertando descontos. Então, na comparação ano a ano até dezembro, as tarifas de quartos de luxo estão mais baixas, embora os hotéis ainda tenham ocupação relativamente boa”, disse Jan Freitag, diretor Nacional de Análise Hoteleira do CoStar Group.

“As tarifas de UHs econômicas estão mais baixas em relação ao ano passado porque a ocupação está 5% menor nos EUA, já que muitos viajantes estão optando por viagens no exterior”, pontua Freitag. “No entanto, propriedades de padrão superior e superior estão vendo taxas crescentes devido ao retorno de viajantes de negócios para níveis próximos aos de 2019.”

Outro ponto a ser considerado são os custos operacionais. No front do trabalho, os hotéis têm visto o crescimento salarial superar a inflação geral de preços ao consumidor nos últimos sete meses. Se esse crescimento de remuneração dos hotéis superar o incremento da demanda, algumas unidades podem ver seus lucros diminuídos.

Os custos de distribuição são outro fator de atenção. Hotéis que dependem de viajantes de lazer que veem enfraquecimento na demanda podem acabar por recorrer à busca de procura por hosprdagens em OTAs, elevando seu custo médio de aquisição de hóspedes e potencialmente prejudicando os lucros.

Mais de US$ 25 bilhões em títulos lastreados em hipotecas comerciais de hotéis vencerão em 2024, segundo o CoStar. Alguns proprietários e investidores terão dificuldade ao amortizarem essas dívidas.

(*) Crédito da foto: DCStudio/Freepik