É sempre bom lembrar que sustentabilidade não se trata apenas de preservar o meio ambiente. Afinal, as duas últimas letras da sigla ESG (Enviromental, Social and Governance) realçam a importância de boas práticas sociais e de governança pelas empresas, o que inclui capacitação dos líderes. Não é à toa que uma pesquisa da Great Place to Work revelou que, em 2022, a maior prioridade dentro da área de gestão de pessoas é o desenvolvimento de lideranças.

O assunto é prioritário para 42,6% dos 2,6 mil respondentes que participaram do levantamento. Em 2021, alguns outros pontos de liderança já haviam sido tangenciados, como comunicação interna (54%) e mudança do mindset de liderança (53%). No entanto, a transformação digital, tema imprescindível no ano passado (42%) e em 2020 (41%), perdeu espaço este ano, sendo prioridade para apenas 16,5% dos entrevistados.

“Nos dois últimos anos, a mentalidade digital era uma prioridade para as empresas. O primeiro fator foi a pandemia, que acelerou a transformação digital. Neste ano, porém, esse dado não foi expressivo. Deixou de ser um grande desafio apontado pelas empresas”, explica Tatiane Tiemi, vice-presidente do Great Place to Work, em entrevista ao Estadão.

Para este ano, segundo Tatiane, a batalha das empresas se trata de capacitar os líderes para balancear o trabalho técnico e resultados com a gestão humanizada dos funcionários. Para isso, é exigido que o líder esteja atualizado em relação a temas como diversidade e inclusão, sustentabilidade e saúde mental. “Agora ele precisa ser um superlíder”, pontua a executiva.

Liderança: importância e novas exigências

A importância do líder é inquestionável. De acordo com Tatiane, o líder está à frente da empresa, é a personificação para a equipe, o mercado e os clientes. Por este motivo, caso não esteja bem preparado em relação à novidades e temas pertinentes aos complexos tempos atuais, acaba se tornando a barreira para o processo de inovação.

“Quando o líder faz uma gestão adequada das pessoas e do time, ele consegue promover um ambiente de confiança e esse ambiente tem uma relação direta com a inovação”, afirma Tatiane. “As pessoas, quando se sentem amparadas pelo líder, quando entendem que um erro é visto como uma oportunidade de tentar algo diferente, elas tendem a sair da caixinha e adotar novas iniciativas”, completa.

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Tatiane: colaboradores amparados pelos líderes têm mais chances de evoluir

Segundo a pesquisa, a resolução de problemas complexos, a habilidade de liderar e influenciar e a resiliência, são capacidades mais importantes do ponto de vista das empresas. Além de estar a par de temas como diversidade, inclusão, sustentabilidade e saúde mental, intensificada pela pandemia, é uma questão fundamental na modernidade. Em especial após a OMS (Organização Mundial da Saúde) considerar o burnout como questão ocupacional – tema que o Hotelier News abordou recentemente em série de reportagens.

Considerando a qualificação e conhecimento necessário para ser um bom líder nos tempos atuais, é evidente que o cargo carrega uma bela dose de sobrecarga. Por isso, é importante que a empresa auxilie e treine seus lideres. Entre as soluções submetidas por cerca de 4 mil empresas para a pesquisa, estão: capacitar os líderes em dar e receber feedback, como se comunicar de forma mais assertiva, como liderar de forma imparcial e como humanizar as relações com o intuito de construir maior confiança nas equipes.

(*) Crédito da capa: Tumisu/Pixabay

(**) Crédito da foto: Estadão