Já está claro que o comportamento dos consumidores se alterou desde o começo da pandemia. Uma das mais notáveis mudanças é a maior demanda das pessoas por experiências, movimento que já existia no mundo pré-Covid. Relatório do Mastercard Economics Institute reforça a tese. Segundo o levantamento, gastos com turismo internacional em experiências estão superando as compras de bens materiais desde julho de 2021. Então, não é exagero afirmar que a economia de experiência renasceu!

Realizado em abril de 2022, o estudo apontou que os gastos globais com turismo em bares e boates estão 72% acima de igual mês de 2019. Quanto aos parques de diversões, museus e shows, a alta é de 35% na mesma base de comparação. Em contrapartida, compras de vestuário, lojas de departamento, cosméticos e outros itens de varejo caíram frente aos níveis de 2019. Atualmente, a diferença entre as duas categorias é de 27 pontos percentuais.

Como citamos, essa tendência é observada desde antes de 2019, mas a repressão da demanda causada pela pandemia foi o empurrão que faltava, avaliam especialistas. Economista-chefe da Mastercard, Bricklin Dwyer pondera, contudo, que o jogo só virou de fato na metade do ano passado. “O ponto de inflexão global foi por volta de junho de 2021, quando as experiências realmente começaram a ofuscar as compras de coisas”, explica.

Outro segmento que sentiu essa mudança foi o de A&B (Alimentos & Bebidas). Durante as altas temporadas de 2019, os gastos na área representaram 22% do orçamento de viagem dos turistas, excluindo transporte e hospedagem. Já no final de abril de 2022, esse número chegou a 24%. Atualmente, os gastos gerais do turismo internacional em restaurantes estão 31% acima dos níveis de 2019.

Não é por acaso que muitos hotéis, em especial os de alto padrão, vem apostando em experiências em A&B para elevar a receita fora da hospedagem. Indo além na questão, os hotéis temáticos também voltaram com tudo.

Viagens corporativas

Tomando um rumo muito diferente do lazer, o setor de viagens corporativas recuou no começo do ano, principalmente por conta da variante Omicron. “Depois, houve uma rápida recuperação nas últimas semanas e meses, e as viagens de negócios superaram os níveis pré-pandemia”, relata Dwyer, com base nos dados do relatório, que utilizou o leque de parcerias da empresa com companhias aéreas.

Na análise da MasterCard, a recuperação corporativa deve continuar à medida que mais empresas retornem a contratar. “Isso se traduz em mais pessoas que podem comprar passagens de avião e ter orçamento para outros gastos discricionários”, afirmou o relatório. “Mais pessoas empregadas também significam maior potencial para viajar a negócios pela primeira vez em dois anos”, complementa.

No entanto, considerando a atual conjuntura econômica global, é importante ressaltar que as despesas operacionais enfrentadas pelas companhias aéreas estão dois a três pontos percentuais acima dos níveis pré-pandemia.

(*) Crédito da foto: Pixabay/Robyrad