A crise hídrica vivida no Brasil não chega em boa hora. Após meses de retração por conta da pandemia da Covid-19 e o princípio de recuperação — gradual — visto na hotelaria, a informação de que tarifas da conta de luz podem aumentar até 20% em julho estabilizou em partes o ritmo positivo. Além disso, o racionamento de energia citado por Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, também fez o segmento ligar o sinal de alerta.

Atlantica Hotels

Campbell: alta tarifa prejudica

Para entender o impacto disso na prática, a reportagem do Hotelier News falou com dois players importantes do setor: Atlantica Hotels e Grupo Ferrasa. Para ambas companhias, a sensação de passo atrás é semelhante. A implementação da bandeira Vermelha na conta de luz também preocupa ainda mais os hoteleiros.

“É uma notícia ruim por conta do contexto de retomada. Ao todo, 5% do faturamento mensal dos hotéis vai para conta de luz, então o aumento com certeza representará mais gastos”, diz Mark Campbell, diretor executivo de Operações da Atlantica Hotels. O executivo explicou que não sabe ao certo em quanto a mudança na tarifa representará no custo dos hotéis, considerando que os reajustes regionais ainda não foram publicados.

O que se sabe é que, a curto prazo, não existe previsão de aumento das diárias para compensar a alta na conta. “Vamos apostar em práticas de economia e revitalizações para reduzir o máximo possível de gastos com energia no período de crise”, conta Campbell.

A estratégia da Atlantica, de acordo com o exeuctivo, inclui a troca de sistemas de ar-condicionado (climatização envolve grande investimento), garantir que a iluminação seja 100% de LED, monitorar e trocar motores e bombas dos sistemas e controlar o consumo de forma geral.

Até o momento, a companhia tem 14 hotéis que migraram para o mercado livre de energia desde 2019. Nesse caso, os empreendimentos operam com energia eólica, incentivada e outros tipos alternativos.

Conta de luz: alternativas

Já Rafael Leite, diretor de Operações do Grupo Ferrasa, concorda que a decisão por acrescer o valor da conta de luz é ruim. No entanto, as unidades administradas pela empresa não serão impactadas por isso. Segundo ele, o grupo contrata R$ 600 mil kw/h por ano, além de também utilizar o mercado livre de energia (placas fotovoltaicas, biomassa e eólica).

“O nosso pensamento sempre foi a longo prazo, evitando problemas nesse período do ano. Sendo assim, o acréscimo na tarifa de energia é prejudicial ao setor em geral, mas nossos empreendimentos não serão impactados”, salienta.

Leite ainda acrescenta que existem projetos do Grupo Ferrasa para construção de uma usina fotovoltaica para suas unidades — Hot Beach, Thermas Park e Celebration, todos em Olímpia (SP). É uma forma de economizar a longo prazo e poluir menos.

“Será um período de reinvenção para o trade e pode mostrar que existem outras alternativas e estratégias. A gestão de ambientes e alocação de hóspedes, por exemplo, é importante para evitar o gasto excessivo de energia”, conclui.

(*) Crédito da capa: Kari Shea/Unsplash

(**) Crédito da foto: Divulgação/Atlantica Hotels