Pela primeira vez, desde novembro de 2020, houve redução no número de famílias que relataram estar endividadas. Em 2021, o índice foi o maior em 11 anos. No primeiro mês deste ano, o percentual de endividados no Brasil atingiu o patamar de 76,1%, o que constitui uma queda de 0,2 ponto percentual em relação a dezembro de 2021. Quanto aos valores anuais, o indicador aponta alta de 9,9 p.p. Os dados são provenientes da Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), apurada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Segundo o diagnóstico, o decréscimo deste início de ano pode ser por conta do encarecimento dos juros, abrandando consideravelmente a contratação de dívidas. De acordo com os dados do Banco Central, disponibilizados recentemente, as taxas médias das linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas subiram de 37,2% para 45,1%. Da mesma forma, as concessões de crédito tiveram queda de 22,2% na média diária, mesmo depois de registrar aumento de 10,6% em termos reais em 2021.

Apesar da pequena queda mensal, a situação ainda merece atenção. “O endividamento segue em patamar elevado, e essa redução é reflexo de um cenário desfavorável, em que o encarecimento do crédito pelos juros mais altos afeta a dinâmica de contratação de dívidas dos consumidores”, avalia José Roberto Tadros, presidente da CNC.

Independentemente das reduções nos endividamentos, a alta taxa de inadimplência aprofundou-se. Com crescimento mensal de 0,2 p.p. e anual de 1,6p.p., atingindo 26,4% do total de famílias no país, registrando o maior nível desde agosto de 2020 e recorde para os meses de janeiro observados na série histórica da Peic. Enquanto o número de famílias que estão com contas atrasadas aumentou em 0,2 p.p., o percentual de inadimplência das que não terão condições de pagar segue com uma leve expansão, de 0,1 p.p. Entretanto, comparado aos valores registrados em janeiro de 2021, o percentual apontou queda de 0,8 pontos.

Comportamento x renda

Além das informações sobre números absolutos de endividados, a pesquisa divide esse grupo em dois segmentos de renda. Entre as famílias com ganhos de até dez salários mínimos, o percentual de endividados reduziu em 0,3 p.p., chegando a 77,4%, a primeira queda desde outubro de 2020. Enquanto para famílias com rendimentos acima dos dez salários mínimos, a taxa cresceu em 0,3 p.p., atingindo recorde, com 71,2%.

CNC -Endividamento por Renda

(*) Crédito da foto: AhmadArdity/Pixabay

(**) Crédito do infográfico: Divulgação/CNC