Bruno Serra, ex-diretor do Banco Central e atual gestor de portfólio da Itaú Asset, avalia que o cenário econômico está favorável para uma Selic terminal em torno de 9,5%. Atualmente, a taxa está em 11,25%. Ele antecipa ainda que o IPCA, índice oficial de inflação, deverá situar-se entre 3% e 3,2% neste ano, aproximando-se mais do centro da meta de 3% do que da mediana das projeções do último relatório Focus, que era de 3,81%, informa o InfoMoney.

O executivo declarou considerar possível uma taxa menor, de até 9%, mas destacou que isso exige uma postura conservadora na condução da política monetária.

“Quanto mais o Banco Central for conservador agora, ele vai acabar colhendo frutos desse ambiente de inflação corrente mais benigno e vai poder estender o ciclo ao longo do segundo semestre, talvez com algumas reduções de 0,25 ponto porcentual a mais do que o mercado espera”, disse o executivo, que participou na manhã da quinta-feira da mesa Economia em Foco: Desafios e Oportunidades Globais, do BTG Summit 2024.

O ex-diretor sugere que o Banco Central remova o forward guidance já na próxima reunião de março, o qual indica possíveis cortes de 0,5 ponto percentual na Selic nos dois encontros seguintes. Com uma comunicação mais conservadora e a perspectiva de um cenário econômico em evolução positiva, o BC teria espaço para reduzir ainda mais os juros.

Incertezas no mercado

Serra reconhece que há algum grau de incerteza no mercado em relação à transição na gestão do Banco Central. “Tem algum resquício da incerteza na transição do BC, apesar de as nomeações dos diretores terem sido bastante boas, com todo mundo falando a mesma língua”, disse Serra, durante o evento do BTG Pactual.

“Ainda assim, acho que o mercado tem um pouco de pé atrás”, complementou.

(*) Crédito da foto: Reprodução/Creci-PB