De acordo com levantamento divulgado pelo FGVcia (Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo), o Brasil tem 464 milhões de dispositivos digitais (computador, notebook, tablet e smartphone) em uso. Ou seja, são mais de dois dispositivos por habitante. O que esse cenário diz para a hotelaria? Muita coisa, principalmente sobre precificação, se considerarmos que o setor ainda faz pouco uso do canal para gerar fidelização.

Falando exclusivamente de smartphones, dispositivo digital mais usado no Brasil, o número de aparelhos ativos é de 249 milhões. No Brasil, a média de vendas de celulares é de 3,3 aparelhos para uma TV.

“É notável que o uso e os gastos e investimentos em T.I. nas empresas de 9% da receita continuam crescendo em valor, maturidade e importância para os negócios existentes, e para viabilizar novos modelos de negócio. Seu valor depende de vários fatores, os dois principais são: estágio ou nível de informatização e o ramo no qual a empresa atua”, afirma Fernando Meirelles, professor coordenador da pesquisa do FGVcia.

Oportunidades para a hotelaria

Esse cenário nos leva a perguntar: com tantos dispositivos digitais ativos no país, por que a hotelaria não pratica preços diferenciais de venda neste canal? Dados da OTA Insight mostram que no Rio de Janeiro, por exemplo, apenas 35% dos hotéis optam por essa estratégia de vendas, o que demonstra que o setor pode estar deixando de aproveitar uma excelente oportunidade.

Por outro lado, mais de 60% dos brasileiros utilizam esse canal para fazer reservas de hotéis. “Atualmente, o mobile é um dos mercados nos quais a hotelaria brasileira oferece menos descontos. Por isso, acredito que é necessário que o setor adote novas estratégias de precificação considerando esse canal, porque garante a previsibilidade da receita”, afirma Ricardo Souza, Lead Team da OTA Insight para a América Latina.

Essa necessidade se mostra ainda mais forte se considerarmos que, há pouco mais de dois anos, o uso do chamado mobile payment triplicou no Brasil, segundo estudo da Minsait Payments. Durante a pandemia, os canais mobile foram os mais resilientes e que menos sofreram queda de demanda, demonstrando a fidelidade e maior taxa de retenção dos clientes em relação aos demais canais.

No ano passado, uma pesquisa realizada pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) mostrou que a transformação digital é uma realidade cada vez mais palpável no Brasil. O levantamento mostra que, durante a pandemia, 51% dos usuários compraram produtos e serviços online, o que inclui, obviamente, as reservas de hotéis.

Dessa forma, esse cenário deve refletir na forma como os produtos e serviços hoteleiros devem ser oferecidos aos usuários, fazendo com que o setor reveja suas estratégias digitais e caminhe de acordo com o novo comportamento do consumidor.

(*) Crédito da capa: Pexels/Pixabay