Bem como outras companhias do setor turístico, a Booking Holding relaciona a vacinação em massa na América do Norte, Ásia e parte da Europa com a recuperação da indústria de viagens. No balanço do primeiro trimestre de 2021, a OTA registrou aumento nas reservas de voos, hospedagens e congêneres em Israel, Reino Unido e Estados Unidos. As informações são da Phocuswire e Skift.

No comunicado divulgado para os investidores, Glenn Fogel, CEO da Booking Holdings, disse que um bom termômetro da recuperação no mercado norte-americano é que o resultado foi superior ao registrado em igual período de 2019. “A chave para desbloquear a demanda reprimida de viagens está na distribuição de vacinas”, acrescentou. Na Europa, à exceção dos países citados, os resultados não foram tão positivos devido à volta de restrições e a vacinação mais lenta.

Fogel também revelou alguns dos próximos passado, em termos estratégicos. Segundo o executivo, a aposta para 2021 está no conceito de “viagem conectada”. Com isso, a companhia desenvolverá produtos na plataforma da Booking.com oferecendo reservas de voos, translado terrestre e compra antecipada de atrações. Mais do que elevar a receita, o objetivo está também na fidelização de clientes.

Hoje, a opção de compra de passagens pela OTA está disponível em 18 países. “Nós buscamos mais criatividade daqui para frente. Criaremos diferentes maneiras de trazer os clientes até nós, mostrá-los o produto e serviço que temos e garantir que eles voltem no futuro”, pontua.

Booking Holdings: números

No primeiro trimestre de 2021, o total de reservas com viagens (quartos, aluguel de carros e passagens aéreas) somou US$ 11,9 bilhões. O montante representa queda de 4% em relação a igual período de 2020. Já a receita da Booking Holding teve queda de 50% na mesma base de comparação, totalizando US$ 1,1 bilhão. Já o Ebtida Ajustado no período foi negativo em US$ 195 milhões. No primeiro trimestre de 2020, por exemplo, o indicador foi positivo em US$ 290 milhões.

As diárias vendidas diminuíram 20% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, enquanto as reservas de passagens aéreas aumentaram 62% na mesma base de comparação. No geral, os primeiros três meses de 2021 representaram o maior número de passagens aéreas já reservadas em um único trimestre, informou o grupo. Por isso, segundo o CEO, apostar no segmento é mesmo uma das prioridades.

Booking Holdings - resultados 1º tri 2021_Glenn Fogel

Segunda onda na Europa afetou a busca por hospedagem; EUA teve boa performance

Short-term rental

Apesar da boa performance nos Estados Unidos, a Booking Holdings não conseguiu se beneficiar do boom na demanda por hospedagens alternativas no primeiro trimestre de 2021. Enquanto  concorrentes como Airbnb e Vrbo (Expedia) capitalizaram, a empresa comandada por Fogel não soube aproveitar o momento. E a razão é simples: o portfólio de ofertas de short-term rental da empresa está concentrado na Europa,  ao contrário dos seus rivais.

Com a segunda onda batendo forte na Europa, e o consequente endurecimento das restrições em vários países, o Velho Continente viu a demanda por hospedagem despencar em relação ao quatro trimestre de 2020. Na teleconferência de resultados relativos ao quarto trimestre, em fevereiro, Fogel se dizia otimista com os sinais de recuperação da procura no continente. “Estamos rastreando os primeiros sinais de tendências encorajadoras de reservas de verão na Europa Ocidental, principalmente no Reino Unido e na Alemanha, em relação ao que estamos vendo globalmente, embora em cada caso, os níveis ainda estejam abaixo de onde estávamos no mesmo momento em 2019”, disse.

Como pôde ser visto agora, o primeiro trimestre – e também abril – não confirmou a previsão de Fogel. Embora a recuperação das viagens no Reino Unido seja relativamente forte, no restante da UE (União Europeia) o ritmo anda bem mais lento. Hoje (6), o Expedia Group divulgou seu balanço e traremos amanhã (7) uma análise dos números. Com isso, será possível ter uma visão mais precisa sobre o efeito da demanda no mix de hotel e short-term rental disponível na OTA norte-americana, isso porque sua unidade de aluguel por temporada (a Vrbo) é fortemente baseada nos EUA.

Para o Airbnb, que divulga seus resultados financeiros na próxima semana (também com análise do Hotelier News), a questão do mix entre residências e hotéis não é tão relevante, já que a presença de ofertas hoteleiras é muito menor na plataforma.

(*) Crédito da capa: Xx Lu/Unsplash

(**) Crédito da foto: Zhang Peng/Getty Images