Após intensos embates entre Fernando Haddad e o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), a controvérsia em torno do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) continua acesa. O parlamentar, autor do projeto, rebateu as críticas do ministro da Fazenda, acusando-o de divulgar números imprecisos e de criar atritos desnecessários com o Congresso Nacional.

Em entrevista ao InfoMoney ontem (25), o deputado contestou os dados apresentados pelo Ministério da Fazenda, alegando que estão incompletos. Lançado em 2021, o Perse foi concebido para fornecer apoio aos setores de eventos e turismo, profundamente afetados pela crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19.

A tensão entre Haddad e o Congresso atingiu seu auge quando, em dezembro passado, o ministro propôs o gradual desmantelamento do Perse até 2025. Essa revogação foi incluída na Medida Provisória 1202/2023, que visava a reoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos, desafiando assim as deliberações do Congresso. Em resposta, o governo comprometeu-se a apresentar um projeto de lei para reformular o programa, algo que ainda não foi realizado.

Carreras argumenta que Haddad está prejudicando não apenas a relação com o Congresso, mas também o próprio governo. “Ao criticar publicamente o programa, o ministro está minando a confiança em setores cruciais da economia, como turismo e eventos, que historicamente têm sido importantes geradores de emprego no Brasil”, pontua.

Embates

Uma das principais contestações de Carreras diz respeito à inconsistência nos números apresentados pelo Ministério da Fazenda, especialmente no que diz respeito à CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas). O deputado destaca que apenas 32 dos 44 itens contemplados pelo Perse foram detalhados pela Fazenda, e alguns desses itens nunca foram parte do programa ou já foram excluídos, como é o caso da categoria “Limpeza em Prédios e Domicílios”.

Enquanto Haddad cita relatórios da Receita Federal que indicam um impacto financeiro considerável nos cofres públicos, Carreras acusa o ministro de inconsistência nos números, afirmando que tais declarações “minam a confiança e prejudicam a credibilidade do programa”.

Quanto ao futuro do Perse e à postura do Congresso diante do impasse com o governo, Carreras destaca a necessidade de uma abordagem equilibrada e diplomática. O Congresso Nacional, afirma ele, está comprometido em manter o programa e encontrar soluções justas e viáveis para todas as partes envolvidas.

(*) Crédito da foto: Reprodução/Folha PE 

(**) Na capa: Felipe Carreras, autor do Perse