Em meio à piora da crise gerada pela pandemia no país, o Hotelier News chega a Alagoas para mostrar a situação do cenário hoteleiro. Mesmo com boa ocupação em feriados prolongados e fins de semana, quando chegou a 80%, o indicador por si só não conseguiu evitar quedas na diária média e uma grande incerteza relacionada às restrições dos governos municipal e estadual. De acordo com André Santos, presidente da ABIH-AL, os novos decretos do estado resultaram em cerca de 25% de cancelamentos. Antes de 8 de março, a ocupação era de 71%.

“A intensificação das restrições podem inviabilizar a manutenção dos meios de hospedagem. Apesar da pandemia ter causado um prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao setor turístico de Alagoas em 2020, estávamos superando as expectativas do trade turístico em termos de ocupação”, afirma o dirigente. O montante citado por Santos é fruto de pesquisa da entidade hoteleira, em conjunto com o MV&VB (Maceió Convention & Visitors Bureau).

Por outro lado, como estratégia para conter mais danos aos hotéis alagoanos, a ABIH-AL negociou a respeito do pagamento de diversas taxas. A lista inclui impostos municipais e estaduais, revisão e suspensão de contratos com fornecedores, além de financiamentos. Segundo Santos, os associados também fizeram o dever de casa, alterando procedimentos internos, reduzindo equipes e investindo em tecnologia para atender às necessidades da pandemia.

“Ainda trabalhamos em conjunto com o governo de Alagoas e a prefeitura de Maceió para continuar promovendo o destino e manter o relacionamento com operadoras, agências de viagem e companhias aéreas por meio de incentivos, treinamentos online e trabalho de marketing nos principais mercados emissores”, complementa.

Alagoas: principais dificuldades

Com redução significativa na demanda, a entidade indica que os principais desafios a serem enfrentados são a queda nos indicadores (ocupação e diária média) e, como um todo, no alto custo de manutenção dos  hotéis. Praticamente como um efeito dominó, a dificuldade de atingir metas, por mais baixas que sejam no momento, faz com que postos de trabalho sejam ameaçados, contratos com fornecedores não sejam honrados e a uma série de taxas e impostos se acumulem.

“Com a limitação atual no horário funcionamento dos beach clubs, bares e restaurantes, a preocupação da ABIH-AL é que medidas restritivas sejam intensificadas ainda mais”, afirma o presidente da entidade. Na prática, caso isso aconteça, a perspectiva é que outros segmentos, além da hotelaria, como passeios turísticos, acesso à orla marítima e malha aérea, também sejam prejudicados, o que pode ocasionar um efeito negativo em toda cadeia turística no estado.

“Para manter as portas abertas, a rede hoteleira depende do pleno funcionamento da atividade turística em Alagoas. Se as coisas pararem, nós e as demais entidades representativas do trade turístico esperamos que governantes dividam essa conta com empresários, já que não terão condições de arcar com os custos decorrentes de uma nova paralisação”, explica Santos.

Após a tempestade, existe a retomada?

Ao falar de competitividade, Santos diz que, mesmo com um discurso preocupante, que o estado larga na frente quando se trata de retomada. Em sua visão, Alagoas se enquadra nos principais critérios de escolha do turista, que viajou poucas  vezes ou quase nenhuma durante a pandemia.

Sendo assim, ao procurar por experiências ao ar livre, contato com a natureza, belezas naturais, atrativos próximos e protocolos de segurança e saúde bem aplicados, o viajante pensará primeiro em Alagoas.

(*) Crédito da foto: Rafael Leão/Unsplash