A programação do 1º Encontro de Gente Hoteleira, aberto hoje (5),  contou com o painel O futuro do mercado de trabalho na hotelaria. O debate teve mediação de Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News; e participação de Pedro Cypriano, sócio-fundador da Noctua Advisory e consultor de investimentos para turismo e hotelaria; Carlos Eduardo Queiroz Netto, diretor de Operações do Grupo Ferrasa; Marcelo Boeger, da Hospitalidade e Consultoria; e Cecília Gushiken, gerente de Recursos Humanos Corporativo do Grupo GR.

Iniciando a conversa, Medeiros questionou Cecília se este é realmente o pior momento da hotelaria em relação à escassez de mão de obra. “Eu acredito que são desafios diferentes hoje. Mais do que nunca, temos que conhecer o ser humano, e percebemos isso no período da pandemia, que só acelerou esse processo. Estamos falando dos mesmos problemas. É preciso começarmos a olhar a refletir o cenário, perceber a importância das conexões entre empresas e colaboradores”, explica.

1º Encontro de Gente Hoteleira - Cecília_Gushiken

Setor precisa refletir sobre estratégias adotadas, diz Cecília

 

“Na pandemia, demitimos muitas pessoas, que começaram a se conectar com outras coisas. E, com esse gap, percebemos que o cenário é cada vez mais desafiador para nós. O setor terá que olhar para dentro primeiro. Muitas vezes, não se trata de melhor remuneração e benefícios, mas atenção também a questões como qualidade de vida e saúde mental. Os colaboradores querem se sentir cuidados pelas empresas”, continua.

Mudanças de cultura

Durante o debate no 1º Encontro de Gente Hoteleira, Boeger destacou que a hotelaria precisa se reinventar e se conectar com a individualidade dos candidatos. “Atuar na liderança e saber como liderar é fundamental. Na hotelaria, a gente tem uma dificuldade para contratar e o profissional vai aprender o que fazer se baseando na equipe que está lá. Por isso, a visão sistêmica de que os departamentos estão totalmente conectados precisa estar presente na mentalidade de qualquer gestor”, diz.

Complementando as demais falas, Netto aponta que, atualmente, as capacitações são uma necessidade urgente na hotelaria. “Hoje, nos hotéis e no parque do Hot Beach, temos 1,2 mil trabalhadores fixos e 400 terceirizados, sempre apostando nessas capacitações, porque isso reflete diretamente na experiência e, principalmente, na satisfação do cliente”, completa.

Tomando a palavra pela primeira vez durante o painel, Cypriano ressaltou que quando há erros em quaisquer departamentos dos hotéis, a capacidade de geração de receita é brutalmente menor. “Nosso setor é estrutura física e, no fim da linha, pessoas que entregam experiências. Dessa forma, os investimentos em infraestrutura e pessoas têm que andar lado a lado. Qualquer percentual de receita que sobra e for investido em retenção é capacitação é um recurso bem investido”, acrescenta.

Complementando a fala de Cypriano, Boeger diz que a realidade de muitos hotéis destoa quando comparadas as estruturas para os hóspedes e para colaboradores. “Em muitos empreendimentos, vemos restaurantes lindos, mas as dependências para os colaboradores não oferecem o mínimo de conforto. As estratégias realmente precisam caminhar juntas”, finaliza.

(*) Crédito das fotos: Bruno Churuska/Hotelier News