O pedido de recuperação judicial da 123 Milhas, solicitado na última terça-feira (29), expôs números ainda maiores da crise na empresa. O documento entregue à 1ª Vara Empresarial de Comarca de Belo Horizonte, consta que mais de 16.400 processos judiciais foram abertos contra a OTA, segundo divulgado pelo Terra. O valor das causas ultrapassa R$ 3,8 milhões no total.

Só em Minas Gerais, mais de 1,3 mil processos foram abertos. O montante foi um dos argumentos utilizados pela 123 Milhas para solicitar o plano de recuperação judicial. No dia 18 de agosto, a empresa suspendeu a venda de pacotes promocionais, que oferecem voos mais baratos e com flexibilidade de datas, com previsão de embarque entre setembro e dezembro de 2023.

Nos primeiros seis meses do ano, a 123 Milhas relatou prejuízo líquido de R$ 1,671 bilhão, de acordo com o InfoMoney. No mesmo período de 2022, as perdas chagaram na casa dos R$ 13,134 milhões. Ao pedir recuperação judicial, a OTA alegou acumular R$ 2,3 bilhões em dívidas. A companhia deve entregar uma lista completa de credores para dar continuidade ao processo.

Na peça, obtida pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) junto a fontes que pediram anonimato, a companhia informa ter tido receita líquida de R$ 148,494 milhões.

Impacto no setor hoteleiro

Assim como a crise no Hurb, os problemas na 123 Milhas também afetaram diretamente o setor hoteleiro, deixando pequenos hotéis e pousadas sem perspectivas de recebimento de reservas já realizadas, mesmo hospedando os clientes que chegam pela OTA. Em contrapartida, a procura por serviços de agências de viagens tradicionais, como a CVC, levou as ações da empresa subirem 17% ontem (30).

Em entrevista ao jornal O Globo, Alfredo Lopes, presidente da HotéisRIO, ressalta que o cenário pode prejudicar a demanda dos hotéis. “Esse é um grande prejuízo, a insegurança do cliente. A ponta da pirâmide viaja direto e não usa a plataforma, mas essas empresas alargaram a base. São pessoas que vão fazer falta no segmento do turismo”.

Lopes salienta ainda que empreendimentos menores e independentes são os mais prejudicados. “No caso da 123 Milhas, hotéis grandes recebem o valor da hospedagem e pagam o valor da comissão à plataforma. Já nos pequenos, a 123 Milhas pega o valor e depois repassa a comissão. Desconfie ao ver algo muito barato, pois a conta não fecha”.

(*) Crédito da foto: reprodução