Comecei a escrever pensando que esse poderia ser um artigo do meu pai — José Ruy Veloso Campos — que tanto contribuiu para essa indústria. E a verdade é que muitas das coisas que ele falava há mais de 20 anos ainda são bastante atuais.

Ele faria 77 anos amanhã (23) e talvez tenha me inspirado para novamente analisarmos o cenário desse mercado que aparentemente tem crescido muito pós pandemia, mas que na verdade pode estar crescendo sem bases sólidas, sem olhar para as pessoas, sem o básico da hospitalidade.

                José Ruy Veloso

Já não viajo mais como antigamente, mas como tenho hotéis e seus restaurantes como clientes (Belmond, Roosewood, Tangará, Accor entre outros) percebo o quão difícil está sendo sustentar conceitos em todas as áreas, muito pela falta de colaboradores. E não estamos falando só de pessoas qualificadas. Estamos falando de profissionais que queiram desbravar a rotina árdua do 24×7 de todo hotel.

A cada reunião percebemos uma discrepância entre o que se quer o que é possível oferecer por conta de equipes e de custos.

Mas será mesmo que somente a formação nas escolas de hotelaria/gastronomia é suficiente para desbancar o glamour do mercado mostrando o cenário expectativa x realidade? O que as empresas têm feito para mostrar isso ainda de forma a encantar possíveis colaboradores?

Bem que poderíamos ter mais hospitaleiras no site da GPTW (Great Place toWork).

E o que pode ser feito? É preciso um tipo de treinamento e conscientização de tudo que um Hotel muitas vezes representa para um hóspede. O casamento, a lua de mel, as férias com a família, aprender a andar de bicicleta, relaxar, ter insights, cortesia, personalização, humanidade.

É preciso voltar a encantar não só clientes, mas também o time da casa. O marketing interno se faz extremamente necessário inclusive com investimentos para que colaboradores possam vivenciar ótimas experiência e assim entenderem como podem mostrar o que um hotel é capaz de impactar na vida de hóspedes.

Ótimos profissionais consultores no mercado estão disponíveis para ajudar nessa tarefa, mas ela não é rápida, e nem tem fim. É contínua, e precisa de muita colaboração por parte de C-Levels no que diz respeito a Governança, revisão de diretrizes, inclusão, equidade.

O potencial de transformação social dessa atividade econômica é gigante. Que o Marketing possa estar a serviço de todos os stakeholders.

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Vivianne Veloso é bacharel em Administração de empresas com 28 anos de experiência em Administração Geral, Vendas, Marketing de marcas premium no mercado de bens de consumo, em especial de Gastronomia. Hoje atua como gerente geral das marcas do grupo ZWILLING no Brasil.

(*) Crédito das fotos: capa: @silviaoselkafotografia | interna: arquivo pessoal/Vivi Veloso