Nascido em Natal, Celso Paiva tem 52 anos, é casado e pai de dois filhos. Nas horas vagas, gosta de descansar, degustar um bom vinho, treinar suas habilidades gastronômicas e exercitar seu lado mais cômico na companhia de amigos. Também não dispensa uma ida ao teatro, seja para assistir a um bom show ou contemplar um musical.

O executivo possui vasta experiência na hotelaria, acumulada em 28 anos de profissão. Desde 2018, desempenha o papel de gerente geral no Hotel Senac Barreira Roxa, na capital potiguar, aceitando o desafio de liderar a implementação do empreendimento, reconhecido por seu sistema de gestão de sustentabilidade.

Graduado em Turismo pela Unifacex e com especializações em Planejamento e Consultoria Turística pela Universidade Estácio, e em Docência do Ensino Superior pela UnP (Universidade Potiguar), Paiva está sempre em busca de aprimoramento e atualmente cursa MBA em ESG – Sustentabilidade e Governança Corporativa pelo Instituto Ethos.

Vencedor do Prêmio VIHP (Very Important Hotel Professional) na categoria Gerência Geral de Hotel Independente, o profissional, paralelamente à sua atuação como gestor, dedicou 11 anos da carreira ao ensino superior, lecionando disciplinas relacionadas à gestão hoteleira em instituições do Rio Grande do Norte e Paraíba. Sua paixão pela hotelaria nasceu quando, aos 24 anos, assumiu seu primeiro cargo de gerente gral, no Natal Center Hotel.

Desde então, Paiva se envolveu em projetos de consultoria na área, apoiados pelo Sebrae-RN, e liderou a implementação de diversos empreendimentos hoteleiros, como o Araçá Praia Flat, Marsallis Flat e Antibes Residence. Visando se manter atualizado, tem a leitura como principal fonte de informação e indica o livro Impacto Positivo: como empresas corajosas perseveram dando pais do que tiram, de Paul Polman e Andrew Wilson. A publicação traz relatos de experiências exitosas de organizações que contribuem com ações sociais e ambientais, tendo como objetivo principal um mundo melhor.

No Três perguntas para de hoje (13), ele fala ao Hotelier News sobre os desafios dos empreendimentos independentes. Confira abaixo!

Três perguntas para: Celso Paiva

Hotelier News: Do ponto de vista da operação hoteleira, há diferenças significativas entre os empreendimentos de rede e os independentes, nicho no qual você atua. Depois de quase seis anos à frente do Hotel Senac Barreira Roxa, quais os principais desafios encontrados pelo caminho? E quais as maiores diferenças percebidas em relação aos hotéis das grandes redes?

Celso Paiva: Em fevereiro de 2019, reinauguramos o Hotel Senac Barreira Roxa. Porém, apenas um ano após a sua abertura, nos deparamos com o inesperado: a pandemia. Posso afirmar sem hesitar que este foi o maior desafio da minha vida profissional, como a experiência mais enriquecedora que vivenciei no contexto da hospitalidade.

O hotel-escola foi o único no estado do Rio Grande do Norte a manter suas portas abertas durante esse período desafiador. Em uma parceria envolvendo a Fecomércio, governo do estado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Senac-RN e a Secretaria Estadual de Saúde, abrimos nossas portas para receber os profissionais de saúde que estavam na linha de frente do combate à pandemia e não podiam retornar aos seus lares devido à presença de membros da família no grupo de risco.

Todas as medidas foram cuidadosamente planejadas e executadas com sucesso, visando a garantia da saúde física e emocional de nossa equipe e de nossos novos hóspedes. Essa ação culminou na elaboração e implementação dos protocolos de retomada para o turismo em todo o RN pela Equipe Técnica do Senac-RN.

Essa iniciativa, de grande alcance social me proporcionou inúmeras reflexões tanto pessoais, quanto profissionais. A partir dessa experiência, percebo que hoje não há uma diferença tão significativa entre as operações dos hotéis de rede e os estabelecimentos hoteleiros independentes. O avanço tecnológico tem desempenhado papel fundamental ao reduzir as lacunas estratégicas e operacionais entre as diversas tipologias de empreendimentos, além de contribuir para agilizar tomadas de decisões.

O que antes era privilégio dos grandes empreendimentos agora está ao alcance dos pequenos e médios negócios. Em termos comerciais, por exemplo, a otimização dos processos de distribuição, inventário e integração dos canais de vendas com o PMS é uma realidade disponível para qualquer meio de hospedagem, independente de porte. No aspecto dos serviços, os hotéis independentes têm a vantagem de adaptar sua rotina às necessidades dos clientes mais rapidamente, já que seus processos são mais flexíveis, favorecendo a personalização do atendimento e fortalecendo a identidade própria do estabelecimento.

A agilidade de uma empresa independente sempre é destacada como um ponto positivo pelos especialistas, fato que corrobora com o exemplo da nossa ação durante a pandemia, no qual tivemos apenas 15 dias entre a decisão de aceitar o desafio e o início da operação.

HN: Você comanda um hotel independente localizado em um destino muito buscado não só pelos brasileiros, mas também turistas estrangeiros. Isso facilita atrair demanda e garantir bons resultados ao longo do ano?

CP: No meu entendimento, o fato de Natal ser um destino consolidado facilita o processo de prospecção comercial, porém não necessariamente garante bons resultados.

O fluxo de turistas internacionais ainda é inexpressivo dentro da nossa realidade, o que nos leva a lutar por uma fatia do tão disputado mercado nacional para mantermos o turismo ativo em nosso estado. Não obstante a isto, cabe lembrar que o turismo é uma atividade sazonal, ou seja, temos períodos de alta e períodos de baixa estação. Nesse sentido, a gestão estratégica, operacional e comercial de cada empreendimento entra como fator decisivo na aferição de resultados positivos.

O nosso principal produto, a hospedagem, é muito perecível, isto é, a receita de um apartamento que dorme vazio jamais será recuperada e para mitigar esses riscos, apoiamos a nossa operação no Revenue Management, e temos obtido bons resultados.

HN: Você foi agraciado com o Prêmio VIHP na categoria Gerência Geral de Hotel Independente. O que isso significa para a sua trajetória profissional? Qual a importância desse reconhecimento para você?

CP: Essa conquista teve um sabor muito especial, pois chancela uma jornada iniciada em 1996, pautada no profissionalismo, humildade, resiliência e na constante busca pelo conhecimento.

O processo de resgate das evidências, questionários e entrevistas com os jurados me transportou ao início da carreira. Mergulhei na essência da minha história, refiz todo o caminho e quantas emoções pude reviver até que hoje tivesse a certeza de que tudo valeu a pena. Impossível não destacar o apoio e a compreensão da minha família diante de uma rotina que muitas vezes nos limita da participação de momentos pessoais relevantes.

A jornada na hotelaria é desafiadora, porém cativante. Acredito que a subjetividade inerente a prestação de serviço nos instiga a sempre nos mantermos na vanguarda, a inovar e a acreditar que sempre podemos fazer mais e melhor.

(*) Crédito da foto: Arquivo Pessoal