Após trazer as visões de Tiago Lopes, diretor de Sourcing Non-Air da Decolar, a série Três perguntas para convida Bruna Milet, diretora Global de Publicidade e Assuntos Institucionais da empresa. A executiva compartilhou as estratégias da agência de viagens online junto ao poder público para a retomada e os principais desafios que rodeiam o setor turístico.

Carioca radicada em São Paulo, Bruna integra o time da Decolar há três anos, onde anteriormente ocupou o cargo de head de Marketing e Comunicação para o Brasil. Aos 44 anos, a profissional acumula passagens pelas áreas de Marketing e Comunicação de empresas como a Smiles, onde foi CMO, Allpoints e Comgás, além de ter atuado em diversas marcas por meio de agências.

Formada em Comunicação Social pela PUC-RJ e com MBA em Marketing de Serviços pela FIA (Fundação Instituto de Administração) da USP (Universidade de São Paulo), Bruna Milet divide seu tempo entre o trabalho, seu marido, os filhos Thiago e Rafael, livros e viagens.

Três perguntas para: Bruna Milet

Hotelier News: De que forma a Decolar vem alinhando estratégias para a retomada ao lado dos órgãos públicos?

Bruna Milet: Atuamos em 20 países na América Latina e a nossa forte presença regional nos permite oferecer uma ampla oferta de serviços e produtos para os nossos clientes e também para os parceiros, como hotéis, companhias aéreas, locadoras de veículos, atrações e parceiros institucionais como as secretarias e demais organismos de fomento ao turismo. Temos uma plataforma tecnológica robusta e a mais qualificada audiência de viagens da América Latina e por essa combinação podemos ajudar os destinos a se promoverem junto aos seus públicos de interesse, atraindo tanto turistas estrangeiros quanto de outros estados brasileiros. Em 2019, trouxemos cerca de 6 milhões de viajantes do exterior para o Brasil. A recuperação do setor já está acontecendo de forma gradual e responsável, primeiramente via mercado doméstico, e atentos a isso, estamos reforçando nossas parcerias locais que geram benefícios para todo o ecossistema. Com isso, os clientes conseguem boas promoções e acabam viajando mais pelo nosso país, contribuindo para a recuperação das economias locais. Recentemente, desenvolvemos ações de marketing cooperado com as Secretarias de Turismo de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe para estimular ainda mais a retomada do setor nessas regiões. E estamos iniciando novas parcerias com outras localidades. O que não falta no Brasil são destinos com belas paisagens e oportunidades de passeios ao ar livre, algo que é cada vez mais tendência. O Nordeste, que sempre foi um sucesso turístico brasileiro, acabou recebendo um incremento por conta de clientes que antes viajavam para o exterior e parte da demanda que antes ia para o Sudeste. Isso em função da pandemia, devido às restrições de entrada em muitos países e da mudança de comportamento dos viajantes, que estão preferindo lugares de contato com a natureza, especialmente para regiões de praias.

HN: Até o momento, quais são as maiores dificuldades do turismo para alavancar sua recuperação?

BM: A pandemia da Covid-19 produziu enormes impactos negativos sobre a economia como um todo, e isso não foi diferente no setor de viagens e turismo, que certamente foi um dos mais afetados em todo o mundo. No consenso do segmento, o principal desafio é a vacinação, tanto pelo ritmo quanto pela aceitação em alguns países. Conforme o aumento da imunização e a antecipação das vacinas de várias faixas etárias, a tendência é maior confiança dos consumidores para planejar sua viagem. Por isso, vamos seguir fortalecendo nossas parcerias com os fornecedores (hotéis, companhias aéreas e empresas de serviços) para levar aos clientes as melhores promoções, facilidade de pagamento e tarifas flexíveis, caso ele precise fazer alguma alteração na viagem. É importante ressaltar também que um dos aspectos mais valorizados atualmente no planejamento da viagem é a questão dos protocolos sanitários. Por isso, disponibilizamos no site e no aplicativo da Decolar informações detalhadas sobre as medidas sanitárias adotadas por nossos parceiros e um mapa-múndi interativo com as restrições de entrada em cada país. Viajar é uma das paixões dos brasileiros, e tornar esse sonho realidade é o que nos move para superar as dificuldades, tendo sempre os protocolos de saúde como prioridade.

HN: Quais as previsões para 2022? O setor conseguirá chegar aos patamares de 2019 já no ano que vem?

BM: O cenário ainda é desafiador, por isso é difícil fazer qualquer previsão. Mas, à medida que a vacinação avança, a tendência é a redução de casos e uma maior flexibilização das restrições impostas em alguns destinos e, consequentemente, um aumento na procura por viagens. A recuperação do setor já está acontecendo e é mais forte nas viagens domésticas, mas não é uma recuperação em linha reta e sim com altos e baixos, dependendo da situação de saúde dos destinos e do processo de vacinação. Na Decolar, já observamos novos perfis de viajantes e novas tendências surgindo. Como, por exemplo, o turista que antes viajava para o exterior e em função da pandemia está preferindo descobrir novas experiências pelo Brasil, como gastronomia, aventura, rural, entre outras. Há também o viajante que segue privilegiando destinos próximos, até 3 horas de carro, aumentando a frequência de viagens mais curtas e aquecendo ainda mais o turismo regional em busca de um respiro e de bem-estar físico e mental. Outra tendência que veio para ficar é o anywhere office, que permite uma frequência maior nas viagens de lazer, uma vez que as pessoas podem trabalhar em lugares distintos, especialmente com as melhorias realizadas pelos hotéis nesse período para que os hóspedes possam trabalhar com conforto e boa conexão à internet. Há uma enorme demanda reprimida por viagens, as pessoas estão programando verdadeiras viagens de celebração e de auto indulgência, que tendem a ter gastos maiores, após um período tão difícil. Por isso, como principal player do setor na América Latina, seguiremos trabalhando fortemente em inovações, projetos, produtos, serviços e parcerias que melhorem cada vez mais a experiência do clientes e contribuam para estimular a recuperação do setor como um todo.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Decolar