Fechado desde a pandemia, o Hotel Transamerica São Paulo encerrou de vez as operações. No lugar, será construído um mega projeto imobiliário turístico. O que resta agora são apenas lembranças e aprendizados de uma das principais “escolas hoteleiras” para muitos profissionais do setor. Para edificar o legado de Aloysio de Andrade Faria, o Hotelier News reuniu depoimentos de ex-colaboradores sobre o empreendimento.

Entre as vastas experiências que o empreendimento proporcionou, não apenas aos hóspedes, mas também aos ex-colaboradores, muitas simbolizam o início de carreira de diversos profissionais. Diego Alencar, técnico especialista da IT Support Associate, chegou a ser especialista da Apple e acumulou experiência em diversos hotéis do grupo IHG, mas sua trajetória tem o Transamerica São Paulo como ponto de partida, aos 20 anos de idade.

“Nunca fui tão bem acolhido. Lá, trabalhavam pessoas que já estavam por muitos anos na casa, e todos os dias tinha sempre um que trazia o café da manhã da padaria. Praticamente uma família”, conta. “Serei eternamente grato e nunca me esquecerei dos conselhos dos meus gestores Wilma e Sr. Juscelino que me deram grandes lições para a vida profissional”, continua.

O sentimento é compartilhado pelo atual chefe de cozinha do Hotel Villa Lobos, Reginaldo Dutra, que começou sua carreira no empreendimento há mais de 20 anos. “O Transamerica São Paulo é inesquecível. Foi minha escola, faculdade e doutorado em gastronomia”, comenta. “Aprendi tudo que precisava para crescer na minha vida profissional. Durante os sete anos que fiquei, conquistei duas promoções”, relembra.

De telefonista a gerente

Audrey Calabrez, gerente geral do Chale dos Lagos Eco Resort, também começou sua carreira lá. Na realidade, ela conta que há 33 anos trabalhou como telefonista em outro hotel, quando esse cargo ainda existia. A experiência fez com que se interessasse pelo ramo e buscasse uma faculdade. Seu sonho: trabalhar no Transamerica São Paulo.

“Em 92, me inscrevi em um programa da Anhembi Morumbi para estagiar no Maksoud Plaza e no Transamerica São Paulo, e fui chamada para o segundo. Foi minha primeira experiência como recepcionista, estava com uma baita expectativa, ainda mais com o número de celebridades”, recorda Audrey. “No entanto, como estagiária, eu raramente ficava na recepção e costumava ajudar o pessoal. Foi um grande aprendizado, porque não tinha adquirido esse conhecimento na faculdade”.

Falando em celebridades, ela compartilha uma história inusitada que ela guardou para a vida. “Uma vez um tal de Edson Arantes do Nascimento apareceu na recepção. Realizei a reserva e pedi para o assessor do hóspede preencher o formulário, que questionou a necessidade disso. O hóspede apareceu e disse que preencheria sem problemas. Depois, um funcionário me contou que aquele homem era o próprio Pelé!”, narra a gerente.

“Fiquei cinco meses no hotel e depois fui para empreendimentos menores. Á época, o Transamerica São Paulo não era toda a potência que ele chegou a ser futuramente. Ainda não tinha Teatro Alfa, Comandatuba e afins. Lá, eles tinham a boa vontade de mostrar que hotelaria era realizar sonhos, o que eu creio que hoje a hotelaria perdeu esse brilho”, afirma Audrey. “Foi o marco na carreira de muitos profissionais e na minha vida. A partir dali eu entendi o que era hotelaria e o que eu queria fazer da minha vida”, complementa.

Eventos e capacitações

A maioria das histórias destacam também os grandes eventos sediados ou apoiados pelo Transamerica São Paulo. Carla Abbamonte, coordenadora de marketing da Tryvo Tecnologia, conta que participou da realização de muitas ações de visibilidade no hotel. “Entre elas, festivais de gastronomia, programação especial para as equipes de Fórmula 1 hospedadas e divulgação pet friendly, além de ações em conjunto com o Teatro Alfa e com o famoso pudim”, lista ela. “Foram histórias de crescimento muito bonitas”, pontua.

“Vou sentir falta daquela correria dos grandes eventos que lotavam a recepção e dos excelentes treinamentos, que sempre tínhamos a oportunidade de almoçar com o Dr. Aluísio e provar do tão esperado “famoso pudim de São Paulo”! Sentirei saudades do hotel e daquela equipe fantástica!”, acrescenta Alencar.

“Tenho muitas lembranças dos jantares empratados, eventos de F1, vários carnavais no sambódromo, tudo com uma equipe 100% dedicada a proporcionar o melhor. Nossa harmonia era perfeita, como se fosse uma orquestra comandada pelo chef Francês Cristopher Chato, que sem medir esforços, conduziu nossa equipe com proeza”, salienta Dutra. “Foi uma das minhas melhores experiências profissionais e conquistei várias amizades que até hoje faço questão de manter”, completa o chef.

(*) Crédito da foto: Divulgação/Transamerica Hospitality Group