STR - infográfico 1Hotelaria chinesa dá primeiros sinais de retomada, apesar de ainda tímida

A análise de dados é fundamental para tirar insights de mercado e, a partir deles, tomar melhores decisões. Em momentos de crise como o atual, essa importância fica ainda maior. Com intuito de auxiliar a hotelaria neste sentido, a STR promoveu hoje (24) webinar sobre os efeitos do coronavírus no setor de hospitalidade latino-americano. A principal conclusão: se o Brasil (e a região) tomar medidas similares às da China na contenção da epidemia, serão “apenas” cinco semanas de suplício. Depois, a perspectiva é de lenta recuperação, como o país asiático vem performando. A questão é: a indústria hoteleira nacional resistirá?

Antes de responder à questão, é importante mencionar que a América Latina como um todo está algumas semanas atrás do que ocorre em mercados centrais. Isso tem um lado positivo e outro negativo. O primeiro: em cima do que ocorre no exterior, há tempo para tomar medidas preventivas. Lamentavelmente, e vendo as idas e vindas esta semana do governo federal, que é ator fundamental na contenção à crise, o planejamento não é adequado, sem o socorro esperado pela indústria hoteleira. A segunda está atualmente em curso: o impacto é muito mais abrupto e intenso porque une problemas de demandas doméstica e internacional.

Patricia Boo, Area Director da STR para América Latina, destacou na apresentação que, embora esteja em uma crise sem precedentes, a indústria de viagens sempre se recupera, embora inevitavelmente algumas empresas fiquem pelo caminho. A questão é mesmo com qual velocidade vai se dar a retomada. Olhar para o que ocorre na China – hoje e em 2003, quando houve a epidemia do SARS – é uma referência possível. Então, primeiro o estágio atual. Como mostra o gráfico que abre o texto, a queda abrupta de ocupação começa no final de janeiro, com o início da recuperação ocorrendo cinco semanas depois. No período, 40% dos hotéis no país foram fechados e 80% paralisaram vendas em canais online, segundo dados coletados pela STR.

 

STR - coronavírus_infográfico 2Veja que, nas primeiras restrições de voos, o mercado já dava sinais de retomada

No gráfico acima, é possível entender o que ocorreu em 2003, quando a China viveu a epidemia do SARS, outro vírus poderoso, que impactou a economia e o turismo local. Note que, do primeiro alerta da OMS (Organização Mundial de Saúde) até a retomada dos níveis de ocupação, passaram-se seis meses – e três para o período de pico da epidemia. “A questão é que o papel da China no turismo internacional era muito menor do que o atual. Hoje, até mesmo para países sul-americanos, trata-se de um mercado emissor importante, com taxas de expansão na chegada de turistas superiores ao do país como um todo (veja gráfico)”, comenta Patricia. “Além disso, os efeitos do SARS na hotelaria foram mais localizados na Ásia-Pacífico e menores nessas praças, em termos de taxa de ocupação”, completa.

STR - infográfico 3Em vários países latinos, a chegada de turistas chineses subiu em 2019

STR: a resposta

Em relação à América Latina, a queda de ocupação começa em 24 de fevereiro na maioria das praças, ganhando intensidade em março. “A partir de 10 de março, começa a queda brusca. Comparando com outras regiões, nota-se que a América Latina está quatro ou cinco semanas atrás. Europa e Estados Unidos, por exemplo, sentiram a queda de demanda antes”, observa Patricia. “Ainda assim, na região, destinos de lazer reagem diferentes. Cidades com grande fluxo de cruzeiros, por exemplo, sofreram bastante, caso da Cidade do Panamá e Cartagena”, acrescenta.
  
Mas e a pergunta do início do texto? O setor vai conseguir resistir cinco semanas? “É difícil dizer. O mais lógico para os hotéis neste momento é fechar, embora saibamos que a hotelaria tem um custo operacional grande e uma alavancagem elevada. Por isso, quem provavelmente vai sair dessa são os hotéis com maior fluxo de caixa”, destaca Patricia. “Ao mesmo tempo, é fundamental ter o governo na retaguarda, concedendo crédito e benefícios de impostos. Passado o auge da crise, creio que unidades mais dependentes do mercado doméstico tendem a retomar mais rápido do que o internacional”, finaliza.

STR - infográfico_impacto coronavírus 4Semana passada dá início ao suplício citado no início do texto na região

(*) Crédito da capa: freepik

(**) Crédito dos infográficos: STR