Após uma queda de 0,6% em setembro, o setor de serviços voltou a registrar retração em outubro. O segmento declinou 1,2% no período, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) frente ao mês anterior. Esta foi a segunda baixa consecutiva e trata-se da maior queda para outubro desde 2016 (-1,5%). As informações são do G1.

No comparativo com o mesmo período em 2020, o volume de serviços avançou 7,5%, sendo esta a oitava taxa positiva consecutiva. Apesar das baixas em outubro, o setor ainda está 2,1% acima dos níveis pré-pandemia, reduzindo a diferença entre o patamar de fevereiro de 2020, o que mostra perda de fôlego na recuperação.

“Essa perda não elimina o ganho de 6,2% observado no período abril-agosto, mas reduz o distanciamento em relação ao nível pré-pandemia. Em agosto, o setor estava 4,1% acima do patamar de fevereiro de 2020, passando para 3,3% em setembro e 2,1% agora em outubro”, destacou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.

Com o declínio, o setor de serviços está 9,3% abaixo do recorde registrado em novembro de 2014. O IBGE reforça que o resultado de outubro foi pior do que o esperado. A mediana das projeções do Valor Data era de queda de 0,2%.

O volume de receitas do setor de serviços em 2021 deve apresentar aumento de 9,3% em relação a 2020. Essa é a expectativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), com base nos dados divulgados pelo IBGE. As perspectivas são positivas apesar do recuo mensal de 1,2% apresentado pelo índice, que ficou aquém do esperado pela entidade (- 0,7%). A retração foi a maior para meses de outubro desde 2016 (-1,5%). Já na comparação com o mesmo mês no ano passado, o setor registrou aumento de 7,5%, a oitava expansão consecutiva.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, justifica que o otimismo se dá por conta do avanço na vacinação. “Foi fundamental para a desaceleração da pandemia e, consequentemente, para que atividades de serviços avançassem rumo à recuperação plena de sua capacidade de geração de receitas”. Contudo, Tadros alerta que a tendência é que o “efeito normalização” contribua cada vez menos daqui para frente.

A entidade também projeta crescimento para o segmento de turismo, que deve contar com avanço de 21,9% no volume de receitas ainda este ano e de 2,4% no próximo. O setor, no entanto, ainda segue em recuperação com arrecadação de outubro 19,5% abaixo da registrada em fevereiro do ano passado. Segundo a pesquisa, no mês, a diferença entre a geração de receitas do turismo e o seu potencial indicou a menor perda mensal de receitas desde o início da pandemia (R$ 11,2 bilhões).

Setor de serviços: atividades

Dentre as cinco atividades pesquisadas, quatro apresentaram queda em outubro. O destaque vai para os serviços de informação e comunicação (-1,6%) e outros serviços (-6,7%).

“O segmento que mostrou o principal impacto negativo foi o de telecomunicações. Essa queda é explicada pelo reajuste nas tarifas de telefonia fixa, que avançaram 7,33% nesse mês. Essa pressão vinda dos preços, acabou impactando o indicador de volume do subsetor”, explicou Lobo.

Em contrapartida, os serviços prestados às famílias cresceram 2,7% na mesma base de comparação, sendo esta a sétima alta consecutiva. Mas ainda assim este é o segmento que está mais distante dos patamares pré-pandemia, ficando 13,6% abaixo do registrado em fevereiro do ano passado.

Dos 17 grupos e subgrupos monitorados pelo IBGE, nove ainda se encontram abaixo do patamar pré-pandemia. E das 5 grandes atividades, 3 ainda não se recuperaram das perdas.

  • Serviços prestados às famílias: 2,7%
  • Serviços de alojamento e alimentação: 2,5%
  • Outros serviços prestados às famílias: 1
  • Serviços de informação e comunicação: -1,6%
  • Serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC): -1,2%
  • Telecomunicações: -2,2%
  • Serviços de tecnologia da informação: -0,2%
  • Serviços audiovisuais: -1,7%
  • Serviços profissionais, administrativos e complementares: -1,8%
  • Serviços técnico-profissionais: -4,1%
  • Serviços administrativos e complementares: -1,3%
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,3%
  • Transporte terrestre: 1%
  • Transporte aquaviário: 1,4%
  • Transporte aéreo: -5,3%
  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,4%
  • Outros serviços: -6,7%

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