A combinação entre juros altos e inflação, que provavelmente marcará o ano, além de atrapalhar a vida de muitas famílias, deve impactar a receita do setor de serviços em 2022. A avaliação é da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), que prevê queda de 0,9% no volume de receitas do segmento neste ano. Já para o mercado de turismo, por sua vez, a entidade estima crescimento de 1,6%.

A previsão da CNC foi feita após uma análise dos números da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) de janeiro, divulgada ontem (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o estudo, o setor de serviços abriu 2022 com recuo de 0,1% no volume de vendas em relação ao mês anterior. Já na comparação anual, o segmento apresentou alta de 9,5%, no 11º avanço consecutivo.

Serviços - infográfico CNC

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a retração é consequência da desaceleração da retomada na virada do ano, causada pelo aumento nos casos da Omicron. “A circulação de pessoas havia apresentado clara tendência de avanço desde a segunda onda da pandemia, mas o cenário se modificou de 2021 para 2022, prejudicando o nível de atividades do setor e interrompendo a sequência de dois meses de avanço no volume de receitas”, afirma.

Turismo

O segmento de turismo segue sua jornada de recuperação. Em janeiro, a diferença entre a geração efetiva de receitas e o seu potencial mensal redundou em perdas de R$ 11,8 bilhões. Segundo levantamento da CNC, com base nos dados do IBGE, a indústria de viagens já acumula prejuízo de R$ 485,1 bilhões desde o início da crise sanitária.São Paulo (R$ 210,9 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 61,7 bilhões) concentram 56% deste volume.

Serviços - dados CNC

Ainda assim, a expectativa da CNC é que o segmento eleve o volume de receitas em 1,6% este ano, percentual bem mais modesto do que os 22,1% registrados no ano passado. Importante ponderar, contudo, que a base de comparação era muito baixa.

Na avaliação de Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela análise, os preços das atividades turísticas tendem a ser impactados não somente pela retomada da demanda, mas também pela alta nos custos oriunda dos reajustes nos transportes – especialmente passagens aéreas – e alimentação fora do domicílio.

Ele também destaca que o setor de serviços em geral terá dificuldade para repor preços acima do IPCA. “O aperto monetário poderá se prolongar por um período maior que o anteriormente esperado, em razão de resiliência inflacionária impulsionada pelo conflito no leste da Europa”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Rivaldo Gomes/Folhapress 

(**) Crédito dos infográficos: CNC