Ao olhar para trás e lembrar esses poucos mais de 12 meses à frente do Transamérica Comandatuba, Rodrigo Galvão não titubeia. “Cheguei no olho do furacão, então posso dizer que foi uma revolução. Tivemos que rever muitas coisas, do reposicionamento do resort aos protocolos de saúde e higiene”, relembra o executivo, que substituiu Charles Giudice após seis anos de CVC Corp.

Para ele, a parte comercial foi um dos principais desafios (e transformações), até porque ainda se vivia uma completa incerteza sobre a reação demanda, especialmente em destinos dependentes de malha aérea. “Historicamente, o resort tinha 60% de vendas diretas. Partimos para uma estratégia de elevar a ocupação a partir da abertura para canais terceiros, especialmente agentes de viagens”, relembra. “E deu certo!”, completa Galvão, que conversou com a reportagem do Hotelier News no início do mês, in loco.

De fato, já há certo tempo o resort baiano, que ficou no portfólio do Conglomerado Alfa após o acordo com a Atlantica, vive lotado, a exemplo dessa semana da entrevista. “Tínhamos que, sem eventos, vender mais. Então, abrimos os canais”, reforça. “Somos um destino, somos os únicos aqui nessa ilha. É por isso que preciso do agente: quero ele nos indicando e vendendo nosso destino. Reconquistar esse canal foi fundamental para obter essa lotação que você está vendo.”

Apoiado nessa estratégia, o Transamerica Comandatuba (veja In Loco) fechou setembro com 90% ocupação, números que subiram um pouco em outubro, que teve dois feriados. Com esse desempenho, gradualmente o resort retoma a trajetória da lucratividade, depois de tantos desafios impostos pela pandemia. “Em julho, tivemos lucro operacional. No mês seguinte, chegamos ao breakeven e, em setembro, novamente no azul”, revela Galvão.

“De outubro em diante, esperamos já atingir uma margem mais gorda. Já tenho janeiro com 45% de ocupação garantida. Réveillon já está lotando faz tempo – e com tarifa de 2019 corrigida”, celebra o diretor geral, que coloca a recuperação da diária média como meta para 2022.

“Será feita novamente uma reacomodação do nosso share de vendas. As operadoras e agências ajudaram a democratizar nossa comercialização, mas não queremos perder a exclusividade marcante do produto. Então, em 2022, vamos voltar a subir preço, até para repor inflação”, revela.

Galvão cita a boa demanda do lazer como um dos fatores que mais o motiva no momento e reconhece também o impulso ganho com os voos diretos a partir de São Paulo (Azul e Latam) e os charters da CVC, também da capital paulista. “São cinco voos semanais diretamente para o Aeroporto de Una, colado do resort. Então, estamos otimistas com a alta temporada”, afirma o executivo, que sabe, contudo, que esse movimento pode ceder à medida que as viagens internacionais retomem. “Entra aí nessa conta a retomada dos eventos” acrescenta Galvão.

Para isso, o executivo sabe que terá o desafio de realocar eventos já agendados, bem como captar novos, missão que também será compartilhada com o novo gerente de Mice. “Em relação ao Mice, com essa boa demanda do lazer, miramos eventos médios, em vez de fechar todo o hotel para poucos dias. Encontros grande de final de semana acabam afetando minha ocupação durante a semana. Além disso, acho que o mercado vai mudar, com orçamentos menores nas empresas”, completa.

Rodrigo Galvão: ajustes operacionais

Em sua chegada, Galvão implementou algumas mudanças, principalmente no departamento de A&B (Alimentos & Bebidas). “Cerca de 90% delas foram para ampliar a oferta de produtos. Exemplo: criamos um quiosque tipo Subway, com sanduíches naturais na piscina, e uma charcutaria. Além disso, passamos a oferecer camarão como petisco na praia todos os dias”, conta. “Não tínhamos uma boa cerveja premium, assim como algumas marcas de destilados e expresso no café da manhã. Implementamos tudo isso”, completa.

Por fim, para fazer toda essa roda girar, o Transamerica Comandatuba vem tranalhando duro para capacitar todo o corpo de funcionários. “Hoje, já temos mais colaboradores do que antes da pandemia, somando 550 pessoas. Então, é treinamento forte, até porque estamos com temporários no time em função da demanda mais alta”, afirma Galvão. “Fico muito feliz de falar que 97% deles são de Una e cidades próximas. Com isso, eu que sou baiano ajudo a desmistificar a história de que o serviço baiano é ruim. Nosso serviço é nosso diferencial”.

Bem, a reportagem assina embaixo. Obrigado, Rodrigo, pela bela recepção. Grande abraço e sucesso!

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Transamerica Comandatuba