O Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, vem promovendo uma série de reflexões sobre riscos globais que trazem incertezas quanto ao futuro da economia. Durante o encontro, o Relatório Anual de Riscos Globais revelou pontos de preocupação de curto e longo prazo — e quase todos apresentam impactos diretos no segmento de viagens, segundo divulgado pelo Skift.

Vale lembrar que “risco global” no relatório é definido como a possibilidade de ocorrência de um evento ou condição que, se ocorrer, impactaria negativamente uma proporção significativa do PIB global, população ou recursos naturais.

Dentre os principais riscos globais listados, o Fórum Econômico Mundial destaca o custo de vida, desastres naturais, conflitos geoeconômicos e mudanças climáticas em curto prazo — ou seja — no período de dois anos.

Quanto ao longo prazo, os problemas ambientais se sobrepõem, com mudanças climáticas, desastres naturais, perdas de biodiversidade, imigração involuntária de larga escala entre outros riscos apontados na lista abaixo.

riscos globais - lista

CEOs e a preocupação com o futuro

A Folha de São Paulo publicou um estudo da PwC que afirma que 39% dos CEOs no mundo acreditam que suas empresas não serão economicamente viáveis em 10 anos. No recorte brasileiro, a porcentagem de empresários é de 33%. Os números são da 26ª edição da Global CEO Survey.

Foram ouvidos mais de 4 mil executivos a partir do final de outubro de 2022, ou seja, após a conclusão das eleições presidenciais no Brasil. Todos os CEOs que lideram empresas médias ou grandes se mostraram pessimistas com o cenário macro: 73% deles afirmam esperar desaceleração da economia global neste ano.

“O CEO, que às vezes é retido para produzir resultados no curto prazo, começa a olhar e pensar ‘se eu não fazer as desenhadas eu não existo daqui a pouco, eu não vou estar competindo com os novos integrantes do mercado’, então eu preciso fazer investimento”, disse à Folha Marco Castro, sócio-presidente da PwC no Brasil.

“Provavelmente o pior momento para chegar a essa conclusão é um momento de patogênico, de redefinição de cadeias”, completa Castro, que participa do lançamento do relatório nesta segunda (16) em Davos, onde ocorre o encontro anual do Fórum Econômico Mundial.

Também preocupam os CEOs, as tensões geopolíticas — como a Guerra da Ucrânia , e os temores que provocam nos vizinhos europeus, inclusive de uma ruptura de fornecimento de energia — e questões de cibersegurança.

Mesmo perante um cenário pessimists, brasileiros são os mais otimistas em relação ao desempenho da economia de seu país: 2 em cada 3 (66%) dizem acreditar na conveniência da economia nacional, seguidos pelos chineses (64% otimistas) e os indianos (57 %).

Japoneses, americanos, canadenses e franceses mostram graus semelhantes de pessimismo diante da economia global e das nacionais (29% esperam a experiência local no Japão; 17% no Canadá, 16% nos EUA e 12% na França). CEOs da Alemanha, Reino Unido e Itália estão ainda mais pessimistas com as perspectivas de seus países do que com a mundial (na Alemanha são apenas 6% os que esperam).

De forma geral, os riscos globais pedem foco. Os gestores de negócios, afirma Castro, devem restringir suas áreas de atuação para as premissas originais, o que também pode acelerar processos de aquisição e aquisição (as empresas buscariam parceiros especializados em atividades não essenciais à sua produção, por exemplo). No caso brasileiro, esse movimento pode ocorrer nos setores de finanças e de varejo.

Medidas

A PwC questionou os CEOs sobre quais medidas eles tomariam nos últimos 12 meses e quais pretendem tomar nos próximos 12 meses para enfrentar as crises. No ano que passou, a medida mais tomada foi o corte de custos operacionais (69% dos hóspedes), a diversificação de oferta de produtos e serviços (56%) e a busca de fornecedores alternativos (53%).

Para 2022, as medidas mais citadas foram reavaliação de projetos em andamento ou de iniciativas importantes (42%), desaceleração dos investimentos (33%) e adiamento de transações (32%).

Corte de mão de obra é uma opção que 59% descartaram no intervalo passado e no futuro. Segundo os dados do estudo, contudo, os CEOs “evitam reduzir o quadro de profissionais, em parte, por causa do aumento nos índices de demissão intencionalmente registrados no ano passado em muitos países, entre eles o Brasil, no fenômeno conhecido como ‘Grande Evasão ‘”.

Os participantes da pesquisa, afirma o texto, parecem acreditar que os índices elevados de rotatividade continuarão, exceto nos Estados Unidos, onde a maioria prevê queda nessa rotatividade.

Questionados sobre quais países consideravam os três mais importantes para as perspectivas de crescimento da respectiva organização nos próximos 12 meses, apenas 4% mencionaram o Brasil (mesmo índice de 2022), deixando o país na décima posição entre os citados, com Estados Unidos (40 %) e China (23%) liderando o ranking.

Quanto aos CEOs brasileiros, os líderes são os mesmos dois países, com o México (14%) e a Alemanha (13%) na sequência, superando a Argentina (12%).

(*) Crédito da capa: geralt/Pixabay

(**) Crédito da imagem: Divulaçãoo