Como diria meu querido e saudoso pai: “além da queda, o coice”. Como se já não bastasse o período catastrófico da pandemia da Covid-19, a Europa ainda vive um obscuro e impensado período de guerra, que já dura quase 1 ano e meio. Mas a vida segue, pelo menos para alguns.

Sobre a pandemia e os estragos causados, como esperado a indústria hoteleira em todo o mundo foi impactada de forma brutal. Grandes caíram, outros sumiram e alguns viraram ótimas oportunidades de negócio.

Durante a pandemia viveu-se o caos operacional e financeiro. Na Europa, em especial por se tratar de um dos principais destinos turísticos do planeta, em questão de dias as altas taxas de ocupação foram a zero. Não havia hóspede, não haviam negócios, somente despesas, funcionários e todo um ecossistema caro e dispendioso, que quem é do meio conhece bem.

Após as restrições impostas pelos governos, mudanças de hábitos dos hóspedes e necessidades de evitar novas propagações, a “vida dos hotéis” volta a uma nova regularidade. A indústria hoteleira foi um dos primeiros segmentos a sofrer, mas é resiliente e vem voltando, adaptado e renovado.

Os números voltam aos índices que antecederam a pandemia. Na Europa, um incremento discreto, embora positivo, de 3%. Já especificamente em Portugal, o aumento no primeiro trimestre de 2023 supera em 20% o mesmo período de 2019.

Mas esses números não significam que há “normalidade”, muito pelo contrário. As demandas mudaram e, com elas, a expectativa desse novo turismo tem que ser entendida e atendida. Há uma forte tendência preferencial por destinos locais.

Muitas pessoas estão optando por férias próximas à sua residência, ainda devido às incertezas em relação às viagens internacionais e ao desconforto causado pelas possíveis restrições de trânsito e lockdowns. Para os hotéis europeus tem significado uma maior concentração em atrair turistas locais e regionais.

Pode ser uma oportunidade para hotéis incorporarem um conceito de “staycation”, oferecendo pacotes especiais para os hóspedes que desejam ter uma experiência de férias em locais mais próximos.

Outra tendência que vem ganhando força é o uso da tecnologia. Numa era em que a distância social tornou-se uma forte variável a ser considerada, muitos hotéis estão adotando tecnologias de contato mínimo, seja entre hóspedes, funcionários e prestadores de serviços. É o momento ideal para oferecer serviços exclusivos, de experiência e com alto valor agregado.

O check-in e check-out sem contato já são realidade. Pagamentos através do celular e a utilização de aplicativos de mensagens de texto são algumas das soluções inovadoras que foram adotadas pelos hotéis para diminuírem o contato físico.

A tecnologia é um incremento que veio para ficar. Investimentos nessa área fazem a diferença, seja para reduzir o risco de contaminação e garantir maior segurança dos hóspedes, ou mesmo para ampliar o tempo de relacionamento com o cliente.

Uma forma eficiente de criar laços é utilizar os recursos informáticos na gestão da informação e na geração de conteúdos, internamente e nas redes sociais, que possibilitam um approach direcionado às necessidades do cliente, de acordo com o seu perfil. Dessa maneira os hotéis têm conseguido apresentar seus produtos e serviços de uma forma dinâmica e interativa. Essas inovações facilitam e direcionam o processo de tomada de decisão do cliente em relação ao consumo.

Na hotelaria o papel impresso vem sendo substituído por imagens digitais, seja em telas espalhadas em locais estratégicos, nas TVs dos quartos ou no próprio dispositivo móvel do cliente, que recebe em tempo real opções, sugestões, programações e a possibilidade de fazer agendamentos e contratações de serviços extras ali mesmo.

Também se nota que hoje há uma maior procura por hotéis menores, em vez de somente grandes cadeias hoteleiras. Talvez por medo de novas exposições em lugares de alta concentração de pessoas, muitos viajantes estão optando por hospedar-se em hotéis independentes e exclusivos. Esses hóspedes têm preferido equipamentos mais acolhedores e personalizados, que possam proporcionar-lhes uma estadia mais tranquila e pormenorizada.

Em síntese, a pandemia teve um impacto significativo na indústria hoteleira da Europa. No entanto, com a retomada gradual das atividades, há algumas tendências e oportunidades que os hoteleiros estão aproveitando para revitalizar o setor.

O relacionamento pessoal do hotel com o turista passou a ser o fator decisivo que gera um comportamento de segurança. A utilização mais ampla da tecnologia, regras sanitárias claras e mais rígidas e a oferta de serviços exclusivos tem sido crucial na escolha dos equipamentos e dos destinos.

A Europa vem se adaptando a esse movimento e a mudança tende a não parar por aí. O mundo já percebeu o caminho.

Rhaxwell Nascimento é CEO da Associação e-DNA, sócio na Digital MKT e Media (e-TAG Digital Signage System), desenvolvedor de negócios e investimentos no Brasil e Portugal, Gestor de Alta Performance, Formador e Criador de Soluções. [email protected]