Alta nas tarifas diárias e no número de reservas de hóspedes estrangeiros são duas coisas que não parecem caminhar juntas, não é mesmo? Apesar de um aumento de 11% nas diárias, o crescimento da chegada de turistas internacionais foi de cerca de 33%, conforme revelado no relatório produzido pela SiteMinder e divulgado pelo Phocuswire.

A pesquisa analisou dados de mais de 115 milhões de reservas em 40 mil hotéis que utilizaram a plataforma da empresa. De acordo com os números, o Booking.com manteve-se como o canal mais popular nos 20 mercados abordados. Já o Expedia Group ficou em segundo lugar, classificando-se em segundo ou terceiro em todos os mercados, exceto na Ásia, onde a Agoda teve mais influência.

Já as reservas diretas nos sites dos hotéis ficaram em terceiro lugar globalmente, ocupando a segunda ou terceira posição em todos os mercados. Os resultados do relatório indicam, também, que os viajantes recuperaram a confiança após a pandemia, embora seus comportamentos e preferências tenham mudado, afirmou Trent Innes, diretor de Crescimento da SiteMinder.

“O viajante de hoje não é o mesmo de anos anteriores”, disse Innes. “Sabemos, por meio de nossos dados, que os viajantes estão fazendo reservas com mais antecedência do que antes, e eles estão dispostos a gastar dinheiro para além do custo do quarto, mas os preços mais altos estão os forçando a se adaptar, optando por pacotes, por exemplo”, apontou. “Portanto, é vital que os hoteleiros sejam dinâmicos na forma como conduzem seus negócios, garantindo que acompanhem seus clientes e entendam que cada ponto de contato com o cliente é uma oportunidade de receita”.

Entre outras descobertas da SiteMinder, mais viagens internacionais contribuíram para que os hóspedes reservassem suas estadas com antecedência. O tempo médio de antecipação aumentou 20%, chegando a 36 dias. O relatório creditou o crescimento ao aumento das viagens asiáticas.

A tendência de mais reservas diretas não está diminuindo. Mesmo com o aumento do volume de viajantes internacionais, elas mantiveram o impulso construído durante a pandemia, informa o relatório. “Os viajantes ficaram mais confortáveis em reservar por meio do site do hotel nos últimos quatro anos, em busca de ofertas personalizadas e ocultas”, escreveu a SiteMinder. “Os hoteleiros que impulsionam efetivamente o tráfego do site e garantem que a plataforma funciona bem estão saindo na frente!.

Com preços mais altos, a tarifa diária média subiu para US$ 192 globalmente. As sextas-feiras foram os dias mais caros em 90% dos países, com quintas e sábados em seguida. A presença de 11 novas fontes de reservas na lista país a país dos 12 principais canais destacou a necessidade de ofertas econômicas entre os viajantes, concluiu a SiteMinder.

Possivelmente em resposta às tarifas mais caras, os viajantes não reservaram muitas estadas prolongadas em hotéis, constatou o relatório. Apenas 3% de todas as reservas foram para hospedagens de uma semana ou mais, enquanto mais de quatro em cada cinco check-ins foram para apenas uma ou duas noites.

“Certamente, entramos em uma nova era de viagens. Não apenas comportamentos e preferências estão mudando, mas os próprios viajantes”, disse Innes. “A indústria global de viagens tem aguardado ansiosamente o retorno dos viajantes chineses, e fica claro a partir de nossos dados que eles estão começando a voltar, juntamente com aqueles de outros mercados asiáticos, como Índia, Japão e Coreia do Sul. Os hotéis fariam bem em se preparar para uma mudança na composição dos viajantes que chegam às suas portas, revisando suas estratégias de marketing para alcançar as fontes de viagem de crescimento mais rápido do mundo e obtendo inteligência sobre esses potenciais clientes para maximizar suas receitas”, aponta.

Outros relatórios

Na última semana, relatórios da Mews (provedor de nuvem de hospitalidade) e do SHR Group (especialista em tecnologia de hospitalidade) também foram liberados.

A Mews baseou seu relatório em dados de 4 mil hotéis parceiros em 85 países e encontrou um aumento médio de 6% na tarifa diária, atingindo US$ 250 em 2023. O levantamento também mostrou um aumento no tempo médio de reserva. “Com a inflação aumentando em todo o mundo, não é surpresa que a tarifa diária média tenha subido, mas isso não impediu as reservas em 2023”, disse Matt Welle, CEO da empresa.

Enquanto isso, o estudo do SHR Group, baseado na análise de mais de 2 mil hotéis ao redor do mundo, representando 50 milhões de noites, descobriu que a parcela de reservas diretas caiu de 39% para 38% em 2023, quando não incluídas as reservas de grupos, atacado e outros contratos.

Rod Jimenez, CEO da SHR Group, afirmou que os números indicam um ponto de virada para a hospitalidade. “A tecnologia hoteleira está nivelando o campo de jogo para os hoteleiros e sua capacidade de competir por leads, mas esse retorno sobre o investimento não permanecerá o mesmo para sempre”.

“A corrida para atrair hóspedes para programas de fidelidade e conquistar maior influência sobre como e onde eles compram viagens, possivelmente pelo resto de suas vidas, está se tornando muito mais intensa. Personalização e posse do perfil do hóspede estão no topo da agenda tanto para as agências de viagens online quanto para os operadores de hotéis”, complementou.

(*) Crédito da foto: rupixen/Unsplash