Seguindo uma trajetória consistente, podemos dizer que o Palácio Tangará não vive mais um momento de retomada, mas de crescimento. Desde 2021, o empreendimento de luxo deixou para trás os males gerados pela pandemia, já tendo ultrapassado os níveis de 2019. E a subida da montanha se manteve nos três primeiros meses de 2022, que já apontam um ano otimista.

Em entrevista ao Hotelier News, Celso Do Valle, diretor geral do hotel, revela que o primeiro trimestre foi acima do orçamento pretensioso que a gestão havia traçado para o período. E o faturamento robusto veio de todas as frentes: hospedagem, A&B (Alimentos & Bebidas) e eventos.

“Começamos o ano muito bem. Realizamos quatro casamentos em janeiro e viramos o ano com projeção de 103 eventos marcados, dos quais 20 são corporativos e os outros 83 são casamentos”, explica. “Em 2019, viramos o ano com 38 eventos confirmados, ou seja, alcançamos quase o triplo dos níveis pré-pandêmicos”, acrescenta o diretor.

Assim como grande parte do setor, o Palácio Tangará observou algumas mudanças no comportamento de compra de seus hóspedes. Com uma janela de reservas mais apertada, a diária média segue em curva ascendente sem sacrificar as ocupações.

“Nossa diária média do ano está 26% acima do orçamento em relação ao ano anterior. Em março, nossa diária acumulada foi de R$ 2.482, com ocupação de 52%. Se compararmos com o mesmo mês de 2019, foi um resultado bem inferior devido à inexistência de grupos. Contudo, hoje temos eventos pequenos e médios que compensam em qualidade”, pontua Do Valle.

Os resultados em receita e rentabilidade nos primeiros meses do ano abrem caminho para um 2022 promissor, reforçado por um cenário otimista de reservas on the books. “O Tangará se encaixa bem no perfil de hóspede que não quer pegar estrada e busca por lazer dentro de São Paulo. Esse nicho nos beneficiou bastante, pois pensamos em programações para toda a família, inclusive para crianças”, avalia o executivo.

Palácio Tangará - celso do valle

Hotel prevê crescimento de 22% em receita, diz o diretor

A&B como catalisador de receita

O departamento de A&B, incluindo os banquetes, representa metade da receita do hotel por ano. Em sua reabertura, o Palácio Tangará inaugurou o Pateo do Palácio, o que se mostrou uma estratégia assertiva. “Em 10 meses, tivemos crescimento de 300% em faturamento sobre o ano inteiro de 2019”, explica Do Valle. “Reabrir com uma novidade gastronômica forte, com espaços abertos, foi de encontro ao momento atual”.

E o sucesso do A&B do Tangará é impulsionado, principalmente, por clientes locais. “Essa fatia de fora representa metade da nossa demanda, em alguns meses até mais. O Pateo tem 95 lugares externos e 46 internos – o dobro do Jean-Georges. Recebemos um número expressivo de clientes em diferentes dias da semana para almoço e jantar, além do chá da tarde e brunch aos domingos”.

E o investimento em experiências resulta em uma parcela significativa de clientes fidelizados, bem como a chegada de novos hóspedes nos últimos meses. “De primeira estada, chegamos a 25% de novos clientes. As pessoas resolveram experimentar o Tangará e se surpreenderam. Foi um conjunto de fatores, mas o novo restaurante trouxe muita gente”, salienta o executivo.

Corporativo e internacional

No empreendimento de luxo, os hóspedes corporativos voltaram a aparecer, ainda que com reservas feitas com pouco menos de 10 dias de antecedência. “Em condições normais, é um segmento com vocação para dias úteis, mas somos um resort urbano que recebe muitas pessoas de férias. Hoje, 95% de nossa demanda é lazer aos finais de semana, com alguns resquícios do corporativo”, diz Do Valle.

Apesar do potencial para receber famílias, o Palácio Tangará busca equilibrar os nichos de mercado. “Com os eventos, formamos nosso tripé. Algumas ações corporativas também estão retornando de forma interessante”, comenta o diretor.

Por outro lado, os turistas estrangeiros seguem uma retomada mais cautelosa. No Tangará, a maior parte dos hóspedes de fora do país são de perfil corporativo, visto que São Paulo não é um destino muito procurado para férias. “Claro que existem exceções, como grandes eventos. Mas os preços das passagens aéreas ainda assusta muito”, afirma.

Novos concorrentes

Até dezembro de 2021, o Palácio Tangará não contava com nenhum concorrente direto em São Paulo. Com a abertura do Rosewood, a oferta de luxo da capital paulista ganhou um membro de peso, mas a propriedade da Oetker Collection parece não se intimidar com a novidade.

“Vejo isso de forma muito positiva. É importante que novos produtos de luxo cheguem a São Paulo, pois faz com que os demais se reinventem. Acredito que mais ajuda do que atrapalha. São hotéis bem díspares, mas acredito que a maior concorrência será no segmento de eventos sociais e gastronomia”, pontua Do Valle.

Para 2022, o Palácio Tangará espera crescer em torno de 22% em faturamento frente a 2021 – consolidado como um ano histórico para o empreendimento. “Seguiremos apostando em experiências e gastronomia. Temos um público local habituè e oferecemos diferenciais como o chá da tarde e o brunch, que são produtos que nossos hóspedes se encantam”, finaliza o diretor.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Palácio Tangará