Chegamos ao final desse ano especial, possivelmente o período de 365 dias mais relevante em décadas.

E por que foi tão importante?

Esse foi um ano que vivemos diversas situações que se colocaram diante de cada um de nós e, sem exceções, nos levaram a lidar com uma realidade transformada.

As mudanças vieram para todos, mesmo para os que se negaram a enxergar, e os impactos individuais e principalmente coletivos transformaram as pessoas e a sociedade intensamente.

De modo geral, apesar de alguns avisos, tudo aconteceu sem tempo de preparação e sem chance de omissão, nos obrigando a realizar revisões e reinvenções imediatas.

E não estamos falando exclusivamente da pandemia que, desde 2020, vem sendo o principal acontecimento da humanidade em muito tempo.

Mas, também por conta desse contexto, nos vimos ainda mais expostos à um conjunto de experiências que nos forçaram a nos mover.

Vivemos intensamente complexos ajustes de comportamento e a generalizada perda de confiança em marcas, soluções, autoridades e líderes.

Tivemos que lidar com a clara desvalorização da humanidade diante de interesses menos importantes.

Presenciamos o clima aumentar a intensidade das demonstrações sobre a urgência pela preservação do meio ambiente.

Sofremos a desilusão pelos escândalos que comprovaram a fragilidade moral das inovadoras “mídias sociais”, que antes significavam a esperança de mais acesso e democracia na sociedade.

Em resumo, podemos dizer que a confirmação das nossas vulnerabilidades foi o que nos fez mudar tanto no último ano.

E se ainda restava alguma dúvida que as instabilidades e incertezas vieram para ficar, o ano que se encerra deverá ser a marca definitiva dessa convicção.

Percebemos, por experiência própria, que os riscos são reais, presentes e podem atingir a todos não importando em que posição estejamos na organização social e econômica.

No último ano, vivemos e crescemos com a consolidação de uma percepção que até pouco tempo se tratava de projeção.

Afinal, há muito tempo sentimos o aumento do ritmo de mudanças importantes, mas foi em 2021 que essas novidades não se trataram de casos e responsabilidades restritas ou algo que poderíamos simplesmente esquecer e seguir adiante.

Carlos Drummond de Andrade no atemporal poema Ombros Suportam o Mundo, reforça: “… Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.”

E, portanto, apesar do abatimento, os momentos de crise costumam nos trazer a compreensão de que independentemente de onde estivermos e em que condições vivemos, devemos assumir a responsabilidade e focar no essencial e nas mudanças necessárias.

Sabendo que nem sempre as mudanças limitam-se ao que é novo, sempre será importante usar as experiências, boas e más, para traçar o melhor caminho a partir de agora.

E 2021 nos ofereceu a oportunidade de entender isso de vez.

Por isso, que venha 2022! E que nesse novo período, possamos seguir crescendo e adequando o nosso caminho rumo a maturidade necessária nos novos tempos.

Feliz ano novo e boas festas!

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(*) Crédito da foto: arquivo pessoal/Otavio Novo