Quem trabalha com hotelaria conhece esta máxima: escala é tudo. No geral, os benefícios da economia de escala vão desde ganhos de eficiência operacional até melhores condições nas negociações com fornecedores. Atualmente com 807 UHs no inventário, a Amarante sabe muito bem disso e prepara um plano de investimento bilionário para mais do que triplicar sua oferta de quartos. A ampliação dos resorts em operação e a construção de uma nova propriedade nas proximidades da praia do Patacho (AL) são os projetos em curso na empresa, que deseja chegar a 2,7 mil apartamentos até 2030 – e há mais por vir (entenda melhor abaixo). Já o investimento previsto soma R$ 1,6 bilhão.

O novo empreendimento em Alagoas deve começar as obras ainda no primeiro semestre, provavelmente em meados de abril. Com investimento de R$ 140 milhões, o resort terá 120 UHs (sendo 50 bangalôs) e um perfil mais exclusivo e intimista. “A aquisição do terreno foi pré-pandemia. Em relação ao perfil da propriedade, podemos dizer que será em uma categoria acima do Japarating Lounge Resort em termos de luxo”, comenta Pedro Carvalho, diretor de Marketing da Amarante, em entrevista à reportagem do Hotelier News. A previsão de inauguração é no primeiro trimestre de 2026.

Entre os projetos já confirmados dentro do plano de expansão da Amarante estão ampliações no Japaratinga Lounge Resort. A primeira delas, entregue no final do ano passado, será complementada por uma nova ala de 180 apartamentos, além de uma nova recepção, piscinas, restaurantes e quadras. Somados, esses dois projetos totalizam R$ 180 milhões, informa reportagem da Folha de Pernambuco, com previsão de conclusão até setembro de 2026. “Também estamos preparando uma expansão do Salinas de Maragogi, construindo mais 300 UHs e área comum proporcional”, revela Carvalho, sem confirmar o valor do investimento.

Mais escala

Este é o plano de expansão confirmado e já anunciado até 2030, mas a reportagem do Hotelier News sabe que a Amarante não vai parar por aí. O grupo busca um terreno entre Alagoas e Pernambuco para construir mais um empreendimento. “Buscamos uma localidade que fique no raio de dois grandes aeroportos. Será um projeto faseado, com a construção se iniciando em 2016 e chegando a 1 mil UHs em 2030”, revela Carvalho, que acrescenta:

Pedro Carvalho - Amarante

Carvalho: caixa turbinado possibilita expansão

“Não descartamos aquisições para esse novo projeto. Na verdade, era um passo que já esteve mais latente em nosso planejamento estratégico, mas que não saiu até o momento. Agora, encontrando um empreendimento correto, numa localização que faz sentido para nós, podemos dar esse passo”, completa o executivo, destacando que, muito provavelmente, este novo empreendimento levará a bandeira Salinas.

Ah, sim, é importante mencionar que a Amarante prepara este plano de expansão no modelo hoteleiro tradicional, sem se aventurar no mercado de multipropriedade, e mantendo a operação all inclusive nos dois novos projetos.

Pesa na decisão o fato de a empresa liderada por Mário Vasconcellos ter seu fluxo de caixa oxigenado pelas campanhas anuais de Black Friday (vendas de R$ 140 milhões no ano passado) e estar capitalizada por meio de um financiamento no Banco do Nordeste e da emissão de um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) em 2022, no valor de R$ 115 milhões. O CRI, aliás, tornou possível as ampliações recentes nos resorts atualmente em operação, informa o Valor Econômico.

Essa é, portanto, a estruturação de capital que vai viabilizar o crescimento da Amarante até 2030, mas e depois disso? Carvalho diz que um IPO (Oferta Inicial de Ações, na tradução livre) não é descartado, mas reconhece que só a melhoria da conjuntura macroeconômica poderia levar a empresa a ser listada. “Tivemos mandato para desenhar um IPO no passado. Acabamos evoluindo posteriormente para um CRI e estamos felizes com essa operação, que complementou bem o financiamento no banco de fomento. Não está claro ainda para nós a estruturação de capital pós-2030, mas, quem sabe, pode ser uma opção.”

Dona do Salinas Maragogi, Salinas Maceió e Japaratinga Lounge Resort, a Amarante encerrou o ano passado com faturamento na casa de R$ 452 milhões, alta de 17% frente a 2022, que ficou em R$ 385 milhões. Esse volume de receita, associado à gestão eficiente de recursos, gerou um lucro de R$ 145 milhões.

(*) Crédito das fotos: Divulgação/Amarante