O burburinho começou em 2020, com a morte de Aloysio de Andrada Faria. À época, com o Transamerica São Paulo fechado em função dos efeitos da pandemia, o comentário era que as filhas do controlador do Conglomerado Alfa poderiam se desfazer dos hotéis. Pouco mais de um ano depois, veio o negócio com a Atlantica. Agora, só resta mesmo a icônica propriedade de Comandatuba – e você vai entender melhor abaixo.

Em 2025, quando será inaugurado o Beyond The Club (BTC), São Paulo ganhará um clube “que combinará esporte, lazer, gastronomia e unidades residenciais em um único empreendimento”, como diz o comunicado da desenvolvedora do mega projeto imobiliário, que consumirá R$ 1 bilhão em investimentos. Sabe onde? Exatamente na área de 71 mil metros quadrados (m²) onde ficam o Teatro Alfa e o Transamerica São Paulo, que está com atividades regulares paralisadas desde o início da pandemia.

O BTC é idealizado por um grupo formado por BTG Pactual Asset Management, KSM Realty e a Realty Properties. O valor da venda da área do hotel não foi informado. Pelas imagens mostradas do complexo, o edifício original será aproveitado (veja abaixo). Na verdade, quartos e suas dependências passarão por reforma para ser adaptados ao conceito de clube. O projeto arquitetônico é do escritório aflalo/gasperini Arquitetos. Entre as atrações previstas está uma grande piscina de ondas, da empresa espanhola Wavegarden.

Comandatuba - venda do Transamerica São Paulo

O escritório aflalo/gasperini Arquitetos fará a reforma de adaptação do hotel

 

Vale destacar que o Hotel Transamérica São Paulo foi projetado, nos anos 1980, por Roberto Aflalo, Plinio Croce e Gian Carlo Gasperini, justamente os fundadores do escritório que executa o trabalho de renovação quase 40 anos depois. Pelo que foi divulgado, a piscina de ondas do complexo será a maior já feita pela fabricante espanhola, com 62 motores capazes de produzir 24 tipos de ondulações diferentes, uma a cada quatro segundos. Estão previstos ainda quadras de tênis e beach tennis, simuladores de esqui e golfe, pista de skate coberta e academia de ginástica.

Comandatuba

Ontem (24), o banco Safra comunicou ao mercado a compra do Conglomerado Alfa, numa transação de R$ 1,03 bilhão. Vale destacar que, apesar do negócio bilionário, alguns ativos do portfólio da família Faria não foram inclusos no acordo, casos da marca de sorvetes La Basque, a Águas da Prata, a rede de materiais de construção C&C e a produtora de óleos de palma Agropalma.

Também não entrou na transação o Transamérica Comandatuba. O mesmo pode ser dito sobre a unidade de São Paulo, uma vez que a venda para grupo formado por BTG Pactual Asset Management, KSM Realty e a Realty Properties ocorreu antes do anúncio do Safra. Obviamente, transações como essas duas não acontecem do dia para a noite e tudo indica que, de fato, o banco Safra queria mesmo os ativos financeiros do Conglomerado Alfa, que além do banco inclui uma administradora de consórcios e uma seguradora.

Sobre Comandatuba, fica a dúvida sobre o que as filhas herdeiras de Faria farão com o empreendimento. Sabe-se, contudo, que o hotel era uma das paixões do fundador do banco Real, sentimento não passado “de pai para filhas”. Por isso, acredita-se no mercado que, chegando uma proposta no valor correto, sai negócio.

E aí, quem se habilita?

(*) Crédito da capa: Divulgação/Transamérica Hospitality Group

(**) Crédito da foto: Divulgação/Beyond The Club