O governo de Minas Gerais, por meio da Secult-MG (Secretaria do Estado de Cultura e Turismo), está buscando reverter os prejuízos trazidos pela pandemia no estado. O programa Reviva Turismo, lançado em maio deste ano, tem como objetivo realizar investimentos de marketing para promover o potencial turístico do destino. Para isto, foi anunciado um aporte de R$ 25 milhões com o intuito de fomentar o setor.

De acordo com Guilherme Sanson, presidente da ABIH-MG (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais), a iniciativa tem suma importância para o setor hoteleiro no estado, cuja capital passou a sentir os primeiros sinais de retomada na metade de 2021. Em Belo Horizonte, a hotelaria cresceu 34,3% em junho e 48,3% em julho, em relação ao mesmo período de 2020. A nível nacional, a porcentagem de crescimento do turismo foi de 18,61% em julho.

“As taxas de ocupação têm crescido e percebemos isso à medida que a vacinação avança. Nós esperamos uma alta ocupação em todos os feriados e festas de fim de ano, visto que as pessoas têm se sentido mais seguras para sair e viajar”, comenta Sanson em relação às perspectivas do setor para os próximos meses.

Ainda segundo o presidente da entidade, a hotelaria precisa adotar medidas e estratégias que atraiam o cliente e proporcionem fidelização. Sanson destacou o investimento em segurança operacional, aprimoramento dos serviços, pacotes de eventos, A&B (Alimentos & Bebidas) e também passeios, mesmo em hotéis de perfil corporativo.

“Em relação a eventos corporativos, acredito que ainda vá demorar um pouco até retomar aos moldes anteriores. Hoje, temos um mix muito maior de público, como lazer, autônomo, grupos e também corporativo”, ressalta Sanson.

Maarten Van Sluys, CEO da MVS Consultoria Hoteleira, afirma que esta é a primeira vez em que as atividades turísticas no estado registraram um nível próximo ao pré-pandemia. “O governo tem sido bastante agressivo no fomento à volta das atividades turísticas e isso tem surtido bastante efeito, mesmo que os empresários do setor ainda estejam relutantes. Com a impossibilidade de viagens internacionais, as pessoas se voltaram para o turismo doméstico, principalmente em atividades que envolvam a natureza, o que é um ponto forte aqui no estado”, pontuou.

Van Sluys destacou ainda que as perspectivas para os próximos meses são positivas. Ele acredita que os indicadores do turismo irão continuar subindo, devido aos feriados de outubro e novembro, e às festas de final de ano, logo em seguida. No acumulado entre maio e julho, foi registrada uma diária média de R$  203, 65 na Grande BH.

“A perspectiva é de que os próximos seis meses sejam muito bons, porque a vacinação tem proporcionado uma melhora no cenário, criando um ambiente propício para o turismo de proximidade”, disse.

Hotelaria em Minas Gerais: desafios

Tanto Sanson quanto Van Sluys acreditam que, mesmo com a alta nas taxas de ocupação e aumento da demanda no setor, ainda há um bom caminho até a recuperação efetiva do turismo mineiro. Segundo eles, a retomada é gradual.

“O desafio hoje, para muitos hoteleiros, é prestar o serviço já tendo recebido o pagamento por ele, visto que boa parte destas demandas é de remarcações, de pessoas que compraram pacotes de viagens ano passado e postergaram para um período mais propício. Além disso, os insumos aumentaram consideravelmente e muitos empresários do setor não estão conseguindo repor a mão de obra em seus empreendimentos. Temos um gargalo muito grande de mão de obra”, destacou Van Sluys.

De acordo com um levantamento realizado pela FecomercioMG (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais), 78,5% dos empresários hoteleiros acreditavam que seus negócios só iriam se recuperar a partir de 2022. Por outro lado, a retomada, mesmo que gradual, traz boas expectativas à hotelaria.

(*) Crédito da foto: Lucas Vimieiro/Pexels