Conhecer a Amazônia e passar por dias de imersão na floresta é o sonho da maioria dos turistas que visitam o estado do Amazonas. Contudo, as condições ambientais precisam estar favoráveis para a realização desse sonho. A estiagem do Rio Negro foi a mais intensa em 121 anos, com o nível da água chegando a 12,70 metros. A seca mudou a paisagem da região e a hotelaria local precisou se adequar. 

De acordo com Roberto Bubol, presidente da ABIH-AM (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Amazonas), a seca histórica prejudicou alguns tipos de atividade, como a pesca esportiva de tucunaré. “Passeios e programações turísticas em algumas áreas do estado tiveram de parar de acontecer”, afirma.

“Apesar disso, esse momento também apresenta ao turista um outro tipo de natureza. Com o rio abundante, vemos o sol nascer da água, mas, agora, ele nasce da floresta. Essa também é uma visão bonita”, pondera o presidente da entidade. 

Quando cheio, o rio atinge entre 27 e 29 metros, informa o g1. Até 24 de outubro, as águas desciam, em média, 10 centímetros por dia. Na quarta-feira (25), o ritmo reduziu para 6 centímetros e, na quinta (26), para 3 centímetros, quando atingiu estabilidade na sexta (27). 

guto costa filho

Tivemos impacto de demanda, revela Costa Filho

E os hotéis?

Caio Fonseca, sócio do Juma Ópera, em Manaus, afirma que a estiagem não vem afetando a ocupação do estabelecimento. “Estamos mais afastados do epicentro da seca, então, a distribuição de água por aqui não foi impactada. Alguns hóspedes perguntam se está tudo bem, se há riscos, mas não têm cancelado suas reservas por aqui”, conta.

Já em outros locais, como o Anavilhanas Jungle Lodge, os hóspedes têm sido mais cautelosos. “Temos, sim, impacto de demanda e tivemos também alguns pedidos de cancelamento”, conta Guto Costa Filho, sócio e fundador do estabelecimento. “Ir para um lugar assolado por uma crise climática é a frustração de um sonho, não a realização dele”, complementa.

Apesar dos pontuais cancelamentos, o hotel conta com localização privilegiada. “O Anavilhanas está em frente à calha principal do Rio Negro, que é bastante profundo e não secou”, comenta Filho. “É uma situação diferente de hotéis que ficam dentro de lagos e igarapés, cujas terras são mais altas e a água acabou realmente sumindo e, invariavelmente, afetando a operação”.

Apesar de histórica em intensidade, a estiagem atual é, sazonalmente, comum no Amazonas. Os passeios e atividades realizadas no Anavilhanas são, tradicionalmente, adaptados para os baixos volumes do rio. “A operação não foi tão prejudicada por essa ser uma situação comum, apesar de muito mais intensa. Estamos realizando os passeios com um trajeto diferente, um olhar diferente, pensando a programação de novas formas, para que possamos mostrar ao hóspede coisas que, na época da cheia, não é possível ver”, finaliza o Filho.

(*) Crédito da foto: Roberto Bubol/ABIH-AM