Com a crise da hotelaria brasileira em meio a pandemia da Covid-19, reinvenção se tornou uma das principais estratégias. Para driblar dificuldades da restrição imposta aos cidadãos, o segmento tem algumas escolhas em seu caminho. A JLL acredita que um deles é apostar em hóspedes que moram próximos do hotel e buscam lazer e descanso.

O modelo, chamado de staycation, vê pessoas que moram perto, mesma cidade ou no raio de distância de 300 km como perfil a ser buscado no momento. A empresa acredita que isso pode aquecer o mercado enquanto durar a pandemia.

“Com restrições de viagens e o medo de se locomover com avião, hospedar-se em empreendimentos mais próximo de casa ou na cidade é uma tendência global da hotelaria”, afirma Pedro Freire, diretor de Hotéis e Hospitalidade na JLL. De acordo com o executivo, essa alternativa atrai, principalmente, aqueles que cansaram da quarentena em casa e desejam mudar de ambiente.

Além disso, Freire também cita que adaptar áreas de evento e business centers é outra forma de ressignificar o espaço do hotel. A criação de estações de trabalho pode, por exemplo, resultar em pacotes promocionais e temáticos que podem atrair esse perfil de hóspede.

Em abordagem similar, o turismo do Rio de Janeiro também informou que o turismo de proximidade será usado para inflar a circulação de turistas no estado.

Exemplos na hotelaria paulistana

Na Zona Sul de São Paulo, o Palácio Tangará aderiu ao perfil staycation. O hotel de luxo ficou fechado do final de março de 2020 até setembro e, nesse meio tempo, se adaptou além dos protocolos de higienização

O hotel investiu na criação de um restaurante ao ar livre, remodelando também seu serviço de chá da tarde e brunch aos domingos. A ampliação da recreação infantil para todos os dias da semana também ajudou a fidelizar o cliente que mora mais próximo, na cidade ou no raio de 300 km.

“O Palácio recebe mais famílias desde a reabertura. Estas, por sua vez, aumentaram a estada com aulas (crianças) e trabalho (adultos) remotos. Janeiro foi nosso melhor mês para resultados”, diz Leandro Cássio, diretor de vendas e marketing do hotel.

Retomada?

De modo geral, previsões mais concretas à hotelaria brasileira ainda não existem. A segunda onda da doença ainda estagna setores no país e todos, sem exceção, dependem de uma vacinação mais rápida para que uma recuperação seja vista.

Vale lembrar que hotéis de lazer e resorts sofreram menos o impacto da pandemia, frente unidades voltadas ao público de negócios. Estes, por sua vez, continuam buscando mais alternativas para sobreviver à crise – tal como o staycation.

(*) Crédito da foto: Frank Eiffert/Unsplash