Reunir especialistas para compartilhar boas práticas e apresentar cases de sucesso para, com isso, espalhar uma mensagem estratégica para toda indústria de viagens. Com esses objetivos em mente, terminou agora há pouco, no Riocentro, no Rio de Janeiro, o Hotel Trends ESG. Promovido pelo Hotelier News, em parceria com a Arbache Consulting, Academia de Hotelaria e Koncept, o evento integrou a programação do Salão Nacional de Turismo, organizado pelo MTur  (Ministério do Turismo) que está em sua oitava edição. A feira de turismo acaba no sábado (10).

“No Salão Nacional de Turismo realizamos uma versão resumida do que será o Hotel Trends ESG de São Paulo”, comentou Peter Kutuchian, fundador e CEO do Hotelier News, em referência ao evento que será realizado no dia 8 de outubro, no Pullman Ibirapuera. Falando nisso, as inscrições estão abertas e podem ser feitas no link.

Tanto no Rio de Janeiro, quanto em São Paulo, a grade de programação aborda as três letras do acrônimo. Ou seja, as palestras e painéis visam mostrar ao mercado de hotelaria e decturismo boas práticas de meio ambiente, social e de governança. A última temática, aliás, abriu os trabalhos no Salão Nacional de Turismo logo após uma apresentação de Simone Scorsato, CEO da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), sobre a agenda ESG da entidade.

“Puxando sardinha para o nosso lado, acredito que esse é o painel mais importante do evento”, brincou Vinicius Medeiros, editor-chefe do Hotelier News e mediador do painel Gestão de crise, riscos e comunicação sob a perspectiva ESG, que também contou com as presenças de Marina Figueiredo (Braztoa), Isis Batista (Grupo Tauá) e Norberto Tordin (NAI).

Hotel Trends ESG - Interna

Bate-papo abordou desafios do ESG

“Isso porque, muito embora questões ambientais e sociais estejam ‘gritando’ para todas as organizações e a sociedade, é na governança onde residem os maiores desafios. É a cola especial que junta todas as iniciativas, procedimentos e processos que fazem essa jornada contínua prosperar”, completa Medeiros.

Em sua fala, Isis mostrou como o Tauá estruturou sua área de ESG e vem executando essa jornada. “Uma mensagem-chave é que esse caminho é para todos, independentemente do tamanho do meio de hospedagem. Mapear públicos de interesse, desenhar processos, criar indicadores e medir resultados para avançar em melhorias é vital para colocar tudo de pé”, disse a executiva.

“Podemos iniciar essa jornada pelo amor ou pela dor. Há 20 anos trabalhamos isso com nossos associados da Braztoa, no começo no amor. Agora, diante de tudo que estamos vendo no meio ambiente e na sociedade, não tem mais jeito: é pela dor”, complementou Marina, que em sua fala detalhou uma série de ações da entidade.

Neste contexto de (necessária) transformação, Tordin acredita que a tecnologia é uma aliada valiosa para as organizações interessadas em começar essa jornada. “Processos e pessoas são fatores estratégicos dentro dessa agenda, e a tecnologia está aí para apoiar ambos. E aqui é importante mencionar uma mudança de mindset necessária para todas as organizações: essa aposta (na tecnologia e na agenda ESG) é investimento. Não é custo”, comentou.

Meio ambiente

Levar mais informações e novas soluções para o mercado é um dos objetivos do Hotel Trends ESG. E, na parte ambiental do debate, esse tópico ficou em evidência. “Aqui, nosso objetivo é mostrar que nem sempre implementar essa agenda significa mais Capex para as empresas. Hoje, o mercado tem diferentes soluções que ‘se paga’ – é de forma rápida”, disse Juliana Mesquita, CEO da Koncept, que mediou o painel Responsabilidade ambiental, eficiência, economia e melhores resultados, que também teve participação de Eduardo Prates (Eco Circuito), João Francisco Whitaker (Accor) e Marcus Barreto (GreenYellow).

Hotel Trends ESG - Painel_meio_ambiente

Painel destacou a importância do ambiental

Se antes o assunto meio ambiente era coisa de “bicho grilo”, hoje é de quem quer ganhar dinheiro fazendo o que é certo! Essa passagem do ativismo das ruas para as mesas de conselhos nas empresas reforça o protagonismo da agenda ESG no mundo dos negócios. “A responsabilidade é de todos que estão dentro do hotel, do hóspedes aos fornecedores”, comentou Prates.

“É preciso ter uma comunicação condizente com os pilares que são criados como políticas para ter a eficiência naquilo que se visa alcançar. O desafio é mobilizar uma transformação”, complementou o executivo da Eco Circuito. “Quando nossa solução não tiver mais uso prático no mercado, estaremos realizados. É sinal de que cumprimos nosso propósito”, continuou o executivo.

“Para se ter credibilidade nas ações, seria muito eficiente ter uma auditoria externa para comprovar que isso está sendo efetivamente feito da forma correta. Na Europa, por exemplo, esse é um processo obrigatório, o que garante a veracidade do que está no papel”, disse Whitaker. “Mais ainda, ajuda-nos a estar sempre puxando a barra para cima, pois nossos hotéis precisam estar sempre alertas de que se trata de uma jornada contínua”, acrescentou.

Social

Muitos hotéis e suas operações são grandes responsáveis pela economia onde estão localizados, respondendo por muitos empregos, pelas compras realizadas com fornecedores, pelos impostos arrecadados, pela preservação da qualidade de vida e pelo empreendedorismo e pelo fortalecimento da comunidade local. Não é pouca coisa que está em jogo, portanto, quando tratamos da responsabilidade social. E, de fato, reconhecer isso é o primeiro caminho.

“Preocupação com as pessoas está no DNA da empresa. Pelo nosso negócio, precisamos da ‘licença social’ para operar. Tudo que acontece naquela comunidade nos afeta, seja elas boas ou ruins”, comentou Aline Gonçalves, diretora de ESG da GAV Resorts. “Não podemos depender do poder público para nos relacionar com esse stakeholder tão importante. E, para isso, para gerar impacto positivo, precisamos ouvir essas pessoas, sem nunca chegar com soluções prontas”, acrescentou.

E “cuidar” do social, da comunidade ao redor, ainda mais em um setor marcado pelo uso intensivo de mão de obra como é a indústria de viagens como um todo, não tem nada a ver com filantropia. “Pelo contrário, é algo estratégico para o o negócio. É afastar riscos para a sustentabilidade da organização”, salientou Silvana Gomes, da Fundação Parque Tecnológico Itaipu.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian/Hotelier News