Hilton: principais conclusões de 10 anos de IPO
13 de dezembro de 2023A Hilton completou, no dia 11 de dezembro, uma década de crescimento acelerado desde sua oferta pública (IPO) na bolsa de Valores de Nova York. Nos últimos 10 anos, a gigante hoteleira quase dobrou seu número global de propriedades e e quartos, mais que dobrou seu portfólio de marcas, mais que quadruplicou o número de membros do Hilton Honors e proporcionou retornos de aproximadamente 330% aos investidores.
“Conrad Hilton construiu esta empresa acreditando que poderíamos ser um motor de oportunidades e um farol de esperança em todo o mundo. Guiados por essa crença, dedicamos mais da última década a reacender a cultura da empresa e a executar uma estratégia de crescimento que nos permitiu servir mais hóspedes, membros da equipe, proprietários, acionistas e parceiros com a nossa hospitalidade distintiva”, diz Chris Nassetta, presidente e CEO da Hilton.
Depois de se tornar a primeira rede hoteleira listada na Bolsa de Nova York em 1946, a Hilton foi adquirida pela Blackstone Inc. em 2007, antes de se tornar uma empresa pública novamente em 2013, aponta o Hospitality Net. “O IPO foi um marco importante na história da nossa empresa”, disse Kevin Jacobs, diretor financeiro e presidente de Desenvolvimento global do grupo.
“Significou o sucesso da nossa transformação de aproximadamente seis anos sob a propriedade da Blackstone, bem como o início de uma nova era de crescimento e inovação para a Hilton”, completa o executivo. A empresa afirma que a última década foi marcada por proprietários satisfeitos, hóspedes fiéis e um forte pipeline, que continua a impulsionar o desenvolvimento da Hilton.
Números
Hoje, a abrangente presença da empresa com 22 marcas e 7,4 mil propriedades está atendendo a mais hóspedes do que nunca, com quase 200 milhões de viajantes hospedados em hotéis da marca Hilton em 2022. O Hilton Honors, programa de fidelidade de empreendimentos de crescimento mais rápido, adicionou mais de 130 milhões de membros em 10 anos, totalizando mais de 173 milhões de associados até o terceiro trimestre. Além disso, quase 90% das propriedades da Hilton são franqueadas, permitindo que o grupo continue a expandir e diversificar sua base de unidades.
Nassetta atribui a transformação à cultura da rede. “Desde o primeiro dia, nosso foco sempre foi a cultura em primeiro lugar. Quando você capacita pessoas dedicadas, hospitaleiras e apaixonadas, coisas incríveis podem acontecer. Nossos membros da equipe estão no cerne do sucesso da Hilton”, pontua.
Recentemente, a Hilton foi nomeada o Melhor Local de Trabalho do Mundo nº 1 pela Fortune e Great Place to Work, após oito anos consecutivos na lista dos 100 melhores. Em 2023, a companhia também foi nomeada o Melhor Local de Trabalho para Mulheres nos EUA e o Local de Trabalho nº 1 em vários países, incluindo Argentina, Áustria, China, República Dominicana, França, Índia, Itália, Peru, Portugal, Suíça e Uruguai. No total, a rede foi reconhecida em mais de 450 listas do Great Place to Work desde 2016.
Principais conclusões sobre o IPO
Um artigo publicado no Skift elencou as 10 principais conclusões sobre o IPO da Hilton. São elas:
Maior IPO hoteleiro já realizado: a Hilton levantou US$ 2,35 bilhões quando abriu seu capital. Desde então, a única IPO significativa no setor hoteleiro foi da Playa Hotels & Resorts, que arrecadou US$ 176 milhões em março de 2017. A Sonder levantou US$ 310 milhões em uma negociação de SPAC em janeiro de 2022.
Este é um histórico marcante para empresas hoteleiras como Aimbridge, Al Habtoor, Aman, CitizenM, Highgate, Minor, Nordic Choice, Pan Pacific Hotels Group*, Rosewood e Oyo, que podem ter interesse em abrir capital no futuro.
Para ter uma ideia da escala, a Hilton abriu seu capital com um valor patrimonial de US$ 19,7 bilhões. O setor hoteleiro não viu nada parecido desde então, exceto em 2021, quando a Oyo, empresa hoteleira sediada na Índia, almejava realizar uma IPO que a valorizaria em até US$ 12 bilhões.
Cultura organizacional é crucial: em 2007, a Hilton enfrentava dificuldades quando a Blackstone a tornou privada. A Blackstone contratou Nassetta para liderar a recuperação.
Para corrigir uma cultura organizacional prejudicada, ele mudou a empresa de Beverly Hills para McLean, Virginia, nos subúrbios de Washington, D.C., trazendo apenas 130 dos 600 funcionários consigo.
Desde o primeiro dia, o foco do CEO tem sido a cultura organizacional. Em um negócio de hospitalidade, é crucial ter trabalhadores felizes e engajados em todos os níveis. A Hilton não os tinha em 2007.
LBO mais lucrativa da história: a Bloomberg a chamou o IPO de maior alavancagem de compra (LBO) já vista. A Blackstone tornou a Hilton uma empresa privada em uma alavancagem de compra de $26 bilhões (uma aquisição em grande parte financiada por dívida). Isso resultou em um lucro teórico de pelo menos $12 bilhões, aproximadamente triplicando seu investimento inicial, após o bem-sucedido IPO.
O acordo quase foi um desastre: a crise financeira de 2008 atingiu em cheio o setor de viagens, levando a uma queda de 15% na receita da Hilton em 2009. A Blackstone desvalorizou o valor de seu investimento na Hilton em cerca de 70%.
Construir marcas e raramente comprá-las: a Blackstone acreditava que seria mais eficiente para a Hilton inventar suas próprias marcas em vez de adquirir novas.
Desde o IPO, a Hilton tem seguido essa abordagem. A empresa passou de 10 para 22 bandeiras, incluindo Curio, Tru, Canopy e Spark, e, em grande parte, as construiu internamente. Embora sua equipe de desenvolvimento corporativo analise propostas de negócios, raramente avança com aquisições.
O playbook da Blackstone ainda é relevante: a visão da Bloomberg sobre o trabalho da Blackstone na Hilton se resumiu a isto:
“A história completa da alavancagem de compra mais rica da história é, na verdade, uma história de private equity funcionando conforme anunciado. Ao persuadir seus credores a exercer a tolerância, reestruturar sua dívida antes que fosse necessário e praticar uma gestão inteligente, em oposição a cortes de custos indiscriminados e demissões, a Blackstone fez a Hilton performar melhor do que a maioria imaginava ser possível.”
Se algum outro IPO de hotel semelhante a este for acontecer com sucesso, o private equity deve estudar o playbook da Blackstone.
Investindo em crescimento: as empresas de private equity têm a reputação de cortar custos mais do que investir em crescimento. No entanto, Nassetta e a companhia utilizaram os recursos provenientes do IPO não apenas para quitar dívidas, mas também para investir no crescimento da rede.
No momento do IPO, a empresa tinha 185.699 quartos de hotel em desenvolvimento. Atualmente, esse número subiu para 457.300..
Ao contrário da abordagem comum associada a empresas de private equity, que frequentemente priorizam cortes de custos em detrimento do investimento em expansão, a Hilton, sob a liderança de Nassetta, optou por utilizar os ganhos do IPO para impulsionar o crescimento.
Incutir a fidelidade do cliente: um dos objetivos da equipe Nassetta na época do IPO era aumentar os clientes recorrentes. Há uma década, a empresa tinha apenas 39 milhões de membros em seu programa de fidelidade, então chamado de HHonors.
Investir internacionalmente pode ser fundamental: antes da aquisição pela Blackstone, a Hilton como empresa praticamente desistira da expansão internacional. Na década de 1960, a liderança da rede separou suas operações estrangeiras em uma companhia independente, em parte devido a tensões familiares e rivalidades internas na administração, de acordo com o episódio mais recente de Hilton vs. Marriott no Business Wars, um programa da Wondery.
Acionistas podem se beneficiar de um IPO bem-sucedido: uma lição que os investidores podem tirar do IPO da Hilton é que uma estreia pública bem precificada em uma empresa bem administrada pode representar um investimento promissor a longo prazo.
Até 30 de novembro, a Hilton proporcionou um retorno total aos acionistas de cerca de 330%, superando os retornos do Índice S&P, que ficaram em 210%.
(*) Crédito da capa: Divulgação/Hilton
(**) Crédito da foto: Reprodução/CNBC