Para encerrar o Fórum Band News Expo Visite SP, representantes das iniciativas pública e privada se reuniram em uma coletiva de imprensa para abordar os próximos passos da retomada do turismo. O evento, realizado no Sheraton São Paulo WTC Hotel, celebrou os bons resultados do Grande Prêmio de Fórmula 1, que consagrou o retorno do setor em grande estilo.

A ocasião contou com a presença de Toni Sando, presidente do SPCVB (São Paulo Convention & Visitors Bureau); Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas); Vinicius Lummertz, secretário de Turismo do Estado de São Paulo; Diógenes Toloni, diretor Comercial da Itapemirim; Diogo Elias, diretor de Vendas e Marketing da Latam Airlines e Daniela Araújo, gerente executiva de Trade da Gol.

No último fim de semana, o Autódromo de Interlagos recebeu, durante os três dias de automobilismo, 150 mil visitantes em suas arquibancadas, com todos os ingressos vendidos antecipadamente. A corrida consagrou o britânico Lewis Hamilton como o grande campeão, com público recorde que gerou impacto financeiro de R$ 810 milhões e 8,5 mil empregos temporários.

Do montante, 77% são pessoas não residentes da capital paulista. Já a exposição publicitária foi estimada em US$ 302 milhões (R$ 1,7 bilhão), 54,2% acima do performado em 2019, último ano em que a corrida foi realizada.

Com a programação do GP tendo começado na sexta-feira (12) e o feriado da Proclamação da República no dia 15, elevando a permanência dos turistas, o consumo dos visitantes foi, em média, de gastos diários de R$ 756 a R$ 817 por pessoa.

“Foi algo tão rico e nos mostrou que estamos preparados para nos reconectar. Observamos como as pessoas estão animadas em trabalhar, pois querem fazer essa máquina se movimentar”, comemorou Sando.

Lummertz ressaltou que o Brasil precisa voltar a se enxergar como um país capaz de receber grandes eventos e encantar os turistas, sejam eles internos ou estrangeiros. “São Paulo é uma cidade dinâmica, que concorre ombro a ombro com Berlim, Madri e outros destinos. O turismo é mal entendido e acaba se tornando periférico, sem orçamento e sem estratégia, mas isso ficou no passado. Agora, temos promoção de um lado e estruturação do outro, apostando em desenvolvimento também por meio de outras secretarias”, disse o secretário.

Fórum Band News Expo Visite SP - lummertz

Lummertz defende mudanças e reformas

Retomada do aéreo

Sanovicz destacou o retorno gradativo da malha aérea, que caiu para 7% no doméstico e chegou a zero no internacional no início da pandemia. “Tivemos uma retomada com protocolos no segundo semestre. Com o avanço da vacina, vivemos uma ascensão e chegamos a 78% da malha doméstica e um terço da internacional”, explica.

O presidente da Abear afirma também que a oferta doméstica deve chegar a 100% até o primeiro trimestre de 2022, enquanto a malha internacional deve se recuperar integralmente apenas em 2023. “Estamos otimistas com a velocidade da retomada. A aviação se colocou como agente de transporte gratuito de vacinas, chegando a levar 250 milhões de doses para todo o país”.

Atualmente, um dos maiores empecilhos para a retomada do setor é o custo do querosene e o câmbio elevado. Apenas em 2021, o combustível subiu 45% e na comparação anual a alta foi de 91,7%. “Cerca de 51% dos nossos custos são dolarizados e neste cenário estamos construindo nossa retomada”, explica Sanovicz.

A Gol já opera 460 voos diários, chegando a 550 em dias de pico. “É a concretização da retomada da demanda. As pessoas estão querendo retomar a vida e vemos isso chegando com muita força junto com a vacinação. Estamos confiantes e otimistas, o que vem junto com as notícias de abertura de novos mercados”, diz Daniela.

Inaugurada em junho deste ano, a Itapemirim já atua em 14 destinos do país e é a caçula das empresas. “Começamos as operações da nossa primeira ponte aérea entre os aeroportos de Congonhas e Galeão. Temos 68 anos de experiência no setor rodoviário e viemos para democratizar o aéreo”, acrescenta Toloni.

Para o diretor da Latam, a vacinação gera maior consistência na retomada e afirma que este ano a empresa deve superar 2019 em termos de oferta. “A alta temporada já está sendo vendida próximo aos níveis pré-pandemia. Operávamos 35 destinos e hoje passamos para 48, além de outros 20 países na América do Sul, Estados Unidos e Europa. A vacinação é importante, mas temos um cenário desafiador pela frente”.

SP para Todos

Sando acrescentou que a parceria entre as iniciativas pública e privada chega para reforçar a campanha SP para Todos, que tem como objetivo divulgar o estado e a capital paulista. “Hoje, atuamos com a Abear, CVBs e Setur, que aderiram a proposta, somando para colocar um único slogan. Isso deu visibilidade e nossa estratégia é fazer isso de forma global”.

Ele ainda pontua que em 2022 muitos eventos devem aquecer o setor após um grande período de cancelamentos e adiamentos. “Há um acúmulo de eventos que precisam ser realizados, como comemorações e shows. A euforia pós-pandemia faz com que as pessoas queiram viajar e desfrutar o momento, o que é muito positivo”.

Quanto aos problemas que assolam o setor, como as altas taxas de inflação, Lummertz pontua que o maior empecilhos atualmente é a falta de credibilidade do governo atual. “Um governo sem credibilidade perde também em moeda. E a inflação tem muito a ver com isso. Precisamos recuperar os investimentos e os empregos. Para isso, é preciso reformar, mudanças políticas públicas e fiscais. Temos que internacionalizar as cadeias de produção”.

(*) Crédito das fotos: Nayara Matteis/Hotelier News