O desemprego voltou a cair no Brasil, apontam dados divulgados hoje (18) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do menor percentual desde 2016, quando o país atravessava uma recessão e a taxa estava em 9,6%, além de segundo recuo consecutivo no indicador. Com isso, segundo o instituto, a população desocupada recuou para 12 milhões de pessoas no trimestre finalizado em janeiro.

A taxa de desemprego de 11,2% veio próxima das expectativas do mercado financeiro, informa a Folha de São Paulo. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam um percentual de 11,3%. No trimestre de novembro de 2020 a janeiro de 2021, o indicador estava em 14,5%. Na ocasião, a população desocupada somava 14,7 milhões – havia 2,7 milhões de pessoas a mais em busca de trabalho.

Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O levantamento contempla tanto o mercado de trabalho formal, com carteira assinada ou CNPJ, quanto o informal, sem esses registros. “Uma questão importante é olhar a qualidade do trabalho. As pessoas estão voltando a trabalhar, mas a inflação está alta. O avanço dos preços é um complicador, porque o poder de compra não é retomado”, aponta Rodolpho Tobler, economista pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Desemprego - queda no trimestre_infográfico

Renda recua novamente

Apesar no recuo no desemprego, a renda do trabalhador desabou quase 10% no intervalo de um ano, informa o IBGE. O indicador foi estimado em R$ 2.489 no intervalo até janeiro de 2022. Trata-se do menor valor para os trimestres comparáveis na série histórica, iniciada em 2012.

Indo mais a fundo na análise, o indicador teve queda de 1,1% frente ao trimestre imediatamente anterior (agosto a outubro de 2021). Na comparação anual (novembro de 2020 a janeiro de 2021), a baixa foi de 9,7%.

Chamado tecnicamente pelo instituto de rendimento real habitual, o indicador é corrigido pela inflação. A pressão sobre os preços, aliás, ajuda a explicar a queda na renda, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.

“A retração dos rendimentos, que costuma ser associada ao trabalhador informal, esteve disseminada para outras formas de inserção, e não apenas às relacionadas à informalidade”, comenta Adriana. “Embora haja expansão da ocupação e mais pessoas trabalhando, isso não está se revertendo em crescimento do rendimento dos trabalhadores em geral”, finaliza.

(*) Crédito da capa: Mathilde Missioneiro/Folhapress

(**) Crédito do infográfico: Folha de São Paulo