De acordo com levantamento divulgado hoje (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego no Brasil recuou para 11,6% no trimestre encerrado em novembro do ano passado. O resultado representa melhora em relação ao trimestre anterior, que registrou 13,1%. No período entre setembro e novembro de 2020, este percentual era de 14,4%. A renda, por sua vez, voltou a cair.

Voltando ao indicador do desemprego, o resultado está abaixo das projeções do mercado financeiro, visto que analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam 11,7%. Ainda de acordo com o Instituto, o número de desempregados no Brasil caiu para 12,4 milhões. O número representa queda de 10,6% em relação ao trimestre anterior e 14,5% frente ao mesmo período de 2020. O levantamento considera os mercados formal e informal.

A população ocupada (94,9 milhões de pessoas), que tem algum tipo de trabalho, cresceu 3,5% (mais de 3,2 milhões) em comparação ao trimestre anterior e avançou 9,7% (mais de 8,4 milhões de pessoas) em relação ao mesmo período de 2020.

“Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação que podemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa”, afirma Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, em entrevista à Folha.

“O crescimento também pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações”, acrescenta.

Renda

Em relação à renda do trabalho, por outro lado, a queda observada pelo IBGE foi de 4,5% frente ao trimestre anterior e 11,4% em comparação ao mesmo recorte de tempo de 2020. O resultado representa o menor nível da série histórica, iniciada em 2012.

“Isso significa que, apesar de haver aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores”, afirma Adriana.

Devido à crise gerada pela pandemia, a taxa de desemprego no Brasil esteve próxima dos 15% e, ao longo de 2021, o indicador começou a apresentar os primeiros sinais de recuperação, seguindo o ritmo da retomada das atividades econômicas. A criação de postos de trabalho, porém, vem sendo acompanhada pela queda na renda média, impactada pela alta da inflação.

Com as dificuldades no mercado de trabalho, o consumo das famílias também é seriamente impactado. Recentemente, a CNC apontou que o indicador teve, no ano passado, o pior resultado da série histórica. A média de estimativas do mercado financeiro aponta crescimento de apenas 0,29% no PIB (Produto Interno Bruto) para este ano, com algumas análises apostando no recuo do indicador, devido à fragilidade econômica. No terceiro trimestre de 2021, houve queda de 0,1%.

(*) Crédito da foto: jannonviergall/Pixabay