Por Gabriela Otto*
Gabriela Otto
(foto: arquivo pessoal)  
 

Três reconhecidas empresas do setor apresentaram seus relatórios sobre a situação do mercado hoteleiro atual. Foram reportados números e tendências, além de sugestões para que hotéis e empresas consigam minimizar os efeitos da crise financeira atual.

 

A HRG (Hogg Robinson Group), empresa internacional de Serviços de Turismo, em sua pesquisa bi-anual, confirma a baixa de diárias na maioria das regiões do mundo em 2009. A ocupação afetada e a redução de tarifas provêm, prioritariamente, do grande impacto da crise no mercado bancário e financeiro americano e europeu.

Mesmo Moscou, que se manteve no topo dos destinos mais caros do mundo para viajantes corporativos, sofreu uma queda de 14% em suas tarifas.
 

Somente Abu Dhabi (o maior dos Emirados Árabes), em segundo lugar na pesquisa, cresceu 5%. 
 

Mumbai, centro financeiro da Ìndia, a grande estrela da pesquisa em 2008, caiu para 16º lugar, em parte, pelos ataques terroristas ocorridos em hotéis de luxo locais. Já nas Américas, as tarifas aumentaram 15%.

 

Os clientes corporativos, por outro lado, querem (e precisam) seguir viajando. Para isso, o desafio das agências e TMCs (Travel Management Companies) é identificar opções alternativas para ajudá-los a reduzir seus custos de viagens.

 

Além das negociações de preços, empresas têm negociado contratos com mais itens de valor agregado, como café da manhã, acesso à internet, estacionamento, “fitness Center”, entre outros benefícios inclusos na diária.

 

O famoso LRA (Last Room availability – que garante a reserva do último apartamento disponível, independente da categoria, pelo preço negociado), já virou padrão nos contratos corporativos.

 

Em geral, a indústria hoteleira ao redor do mundo têm feito um bom trabalho, se re-estruturando e se adaptando às situações atuais do mercado. Para tanto, o trabalho nas estratégias de precificação tem sido intenso.

 

Entretanto, hotéis de luxo, e alguns 4 estrelas, apostam na estratégia de longo prazo e estão agüentando firme e mantendo seus preços, mesmo enfrentando uma baixa na ocupação. Afinal, é sabido que a retomada de preços após uma redução é difícil e toma muito tempo.

 

A HRG sugere aos seus clientes corporativos que aproveitem o momento consolidando suas políticas de viagens.

 

Em complemento a este relatório, a STR (Smith Travel Research), empresa americana especializada em pesquisa de mercado de turismo, faz projeções do mercado até o final de 2009:

Demanda: – 5,5%

Ocupação – 8,4%

Diária Média: – 9,7%

 

2010 se apresenta um pouco melhor que 2009, mas ainda com queda:

Ocupação: -6%

Diária Média: -3,4%

 

Com a melhora na economia americana e a relativa estabilização da demanda de lazer, parece haver luz no fim do túnel. Mesmo com o sensível aumento dos viajantes de negócios, o mercado de lazer é que comandará a retomada de crescimento do mercado. Lembrando que os hotéis vão apostar em grandes descontos para focar este mercado.

 

Por último, a filial brasileira da Jones Lang LaSalle Hotels, consultoria de investidores hoteleiros, analisou, em seu estudo bi-anual (Lodging Industry in Numbers – Brazil 2009),  os números do mercado hoteleiro do nosso país, após pesquisar mais de 300 hotéis.

 

Nosso Revpar (receita por apartamento disponível para venda), índice mais relevante para analisar a performance hoteleira, cresce 9% por ano, nos últimos 4 anos.

 

Com a crise econômica global, a ocupação tem sofrido mas, a diária média, em função do câmbio, deve manter seu crescimento. Previsões econômicas afirmam que o Brasil sofre muito menos e por um período menor do que os mercados mais maduros. E realmente já vemos por aí manchetes com a volta do crescimento econômico, menor índice de desemprego, etc.

 

Com boas estimativas econômicas, os hotéis brasileiros (principalmente resorts) tendem a melhorar seus resultados mas, ao invés de alta demanda, os resultados por aqui provêem muito da redução de custos e do impacto positivo que o câmbio (pelas tarifas vendidas em dólares para o mercado internacional) têm na receita do hotel.

 

Aproximadamente 87% dos hotéis no Brasil, representando 60% do total do inventário do país, não estão afiliados a nenhuma rede hoteleira.  Entretanto, a proporção de afiliações tem aumentado devido ao interesse de investidores estrangeiros. São 124 projetos de novos hotéis e, a maioria, com filiação a alguma rede. Até o final de 2012, é esperada a entrada de 18.073 novos apartamentos.

 

Em complemento a isso, a expectativa com a Copa do Mundo em 2014 é imensa. A idéia é trabalhar o máximo possível para que a entrada em um novo ciclo de desenvolvimento hoteleiro seja sustentável.

 

Em resumo, a missão, visão e objetivo da maioria da hotelaria mundial hoje é sobrevivência. A fórmula é simples, mas extremamente complexa na sua implantação. São quatro as prioridades:

 

·         Gerenciamento de risco

·         Maximização de cada receita que entra

·         Otimização do “custo x benefício” para entregar a promessa da marca

·         Acirrado equilíbrio no gerenciamento de custos

 

Hoje em dia, todos os hotéis contam com planos “B”, “C” e “D” para enfrentar um mercado instável e a palavra de ordem é “AÇÃO”!!!

 

*Gabriela Otto é Diretora de Vendas e Distribuição da Rede de Hotéis de Luxo Sofitel para a América do Sul (www.sofitel.com.br), Professora de Marketing do Senac e Faculdades Integradas Rio Branco. Também mantém o Blog “Propagando o Marketing” (https://gabrielaotto.blogspot.com) e é Consultora de Marketing de Luxo.

Contato
[email protected]
11 8588-7806
11 5084-2293